
sábado, 28 de abril de 2007
quarta-feira, 25 de abril de 2007
Mais um Pacotaço! Que Horror!

terça-feira, 24 de abril de 2007
segunda-feira, 23 de abril de 2007
Dicionário Brasileiro de Prazos

JÁ JÁ: Aos incautos, pode dar a impressão de ser duas vezes mais rápido do que já. Ledo engano; é muito mais lento. Faço já significa "passou a ser minha primeira prioridade", enquanto "faço já já" quer dizer apenas "assim que eu terminar de ler meu jornal, prometo que vou pensar a respeito."
LOGO : Logo é bem mais tempo do que dentro em breve e muito mais do que daqui a pouco. É tão indeterminado que pode até levar séculos. Logo chegaremos a outras galáxias, por exemplo. É preciso também tomar cuidado com a frase "Mas logo eu?", que quer dizer "tô fora!" .
MÊS QUE VEM: Parece coisa de primeiro grau, mas ainda tem estrangeiro que não entendeu. Existem só três tipos de meses: aquele em que estamos agora, os que já passaram e os que ainda estão por vir. Portanto, todos os meses, do próximo até o Apocalipse, são meses que vêm!
NO MÁXIMO : Essa é fácil: quer dizer no mínimo. Exemplo: Entrego em meia hora, no máximo. Significa que a única certeza é de que a coisa não será entregue antes de meia hora.
PODE DEIXAR: Traduz-se como "nunca".
POR VOLTA: Similar a no máximo. É uma medida de tempo dilatada, em que o limite inferior é claro, mas o superior é totalmente indefinido. Por volta das 5h quer dizer a partir das 5 h.
SEM FALTA : É uma expressão que só se usa depois do terceiro atraso. Porque depois do primeiro atraso, deve-se dizer "fique tranqüilo que amanhã eu entrego." E depois do segundo atraso, "relaxa, amanhã estará em sua mesa. Só aí é que vem o amanhã, sem falta."
UM MINUTINHO: É um período de tempo incerto e não sabido, que nada tem a ver com um intervalo de 60 segundos e raramente dura menos que cinco minutos.
VEJA BEM: É o Day after do depende. Significa "viu como pressionar não adianta?" É utilizado da seguinte maneira: "Mas você não prometeu os cálculos para hoje?" Resposta: "Veja bem..." Se dito neste tom, após a frase "não vou mais tolerar atrasos, OK?", exprime dó e piedade por tamanha ignorância sobre nossa cultura.
ZÁS-TRÁS: Palavra em moda até uns 50 anos atrás e que significava ligeireza no cumprimento de uma tarefa, com total eficiência e sem nenhuma desculpa. Por isso mesmo, caiu em desuso e foi abolida do dicionário.
domingo, 22 de abril de 2007
Programa especial

sexta-feira, 20 de abril de 2007
Boitatás e Lobisomens
Quando nossos filhos eram pequenos, alugamos certa feita, em Cabo Frio, uma casa de veraneio cujo sótão servia de moradia a algum animal que emitia guinchos finos e esganiçados semelhantes ao riso humano. Na primeira vez em que foi ouvido, as crianças, assustadas, perguntaram o que era e eu respondi: “É o Risadinha, não é possível vê-lo, mas ele mora aí em cima”. E o Risadinha foi incorporado para sempre ao folclore familiar, sendo evocado cada vez que se escuta algum rangido ou que uma porta bate estranhamente.
Você acredita nessas coisas? Boitatá, lobisomem, risadinha? Elas são todas muito facilmente acolhidas pelo imaginário infantil, mas perdem o sentido, é claro, perante a razão dos adultos. Há, no entanto, outras assombrações, concebidas com objetivos políticos, e que, submetidas a um tratamento gramsciano, produzem extraordinário efeito sobre muitas mentes maduras. A técnica empregada envolve conhecimentos de psicologia de massas, mas é de concepção bem simples, consistindo em criar uma palavra, atribuir a ela o pior dos sentidos, mencioná-la milhões de vezes e associá-la aos adversários. Gradualmente, o novo fantasma entra para o vocabulário comum e se converte não apenas em algo real, mas numa entidade horripilante, da qual é necessário fugir em disparada ante a menor manifestação de sua existência. Pronto, está criado o risadinha.
Foi o que aconteceu, por exemplo, com o vocábulo – desculpem ter que usá-lo – “neoliberal”. É possível que o leitor destas linhas, à simples menção da palavra, já tenha sentido o sangue gelar nas veias. Afinal, neoliberal é agente do demo, solto pelo mundo para perder as almas, certo?
Todos estarão lembrados das obras mais macabras atribuídas ao tal... – tá bom, você sabe do que estou falando. Entre seus piores quebrantos se incluíam: Plano Real, privatizações, responsabilidade fiscal, superávit primário, economia de mercado, pagamento da dívida externa, agronegócio, exportações, e inserção no mercado globalizado. Ante a menor referência a qualquer desses tópicos, os caça-fantasmas punham-se a campo, como anjos do Senhor, denunciando cheiro de enxofre. Trata-se, porém, como se verá a seguir, de uma pantomima.
Estamos no quinto ano da Era Lula, eleito e reeleito. E os aspectos mais positivos de sua gestão, ostentados com orgulho por ele e por seu partido, resultam diretamente da aplicação daquelas satânicas medidas. O Plano Real e sua continuidade ao longo de 13 anos derrubou a inflação de 3% ao dia para 3% ao ano, nossa moeda valoriza-se permanentemente em relação ao dólar, as reservas cambiais passam de US$ 110 bilhões, o Risco Brasil, quando escrevo estas linhas, está na casa de 156 pontos e o país se aproxima de uma condição privilegiada no circuito dos investimentos produtivos.
Tudo isso se deve a um conjunto de políticas que foram, uma a uma, sistemática e energicamente denunciadas pelo próprio presidente e sua sigla como sendo ... (taí, de novo, quase que eu escrevo a tal palavra) ao longo de duas décadas. Não há qualquer contribuição dos caça-fantasmas a esse cenário, exceto o de haverem dado continuidade e aprofundado as medidas já em curso.
Você ouviu alguma coisa? Deve ser o Risadinha. Ele é um tremendo gozador. (Percival Puggina - Site: www.puggina.org)