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quarta-feira, 29 de julho de 2009

Um olhar para a Porneia na atualidade

De acordo com a nova ortografia, a palavra, que se escrevia pornéia, deixou de ter acento: porneia.
O Dicionário Eletrônico Houaiss registra o substantivo (nome) feminino porneia, como oriundo do «gr[ego] porneía,as "prostituição", p[or] ext[ensão] "todo ato desonesto, esp[ecialmente] adultério"».
A palavra porneia significa «depravação de costumes; libidinagem, devassidão» e é «o mesmo que prostíbulo».
A porneia, uma distorção do relacionamento sexual, como, sodomia, fornicação, prostituição, adultério, incesto, etc. está presente, como nunca, nos dias de hoje e propagada pelos meios de comunicação em massa, pode-se dizer que vivemos num mundo pornificado.
Basta ficar sentado, a qualquer hora do dia ou da noite, diante da televisão para assistir ao noticiário. Ficamos surpreendidos que uma significativa parte dos programas são gastos na veiculação e discussão de assuntos que têm caráter sexual e um fundamento absurdamente insólito.
Os meios de comunicação têm sido utilizados para transpor barreiras, inclusive a da privacidade, isso gera patologias, em especial, na esfera da sexualidade, com a proliferação de sites pornográficos veiculando e estimulando bestialidades e promiscuidades sexuais. Diante dos meios de comunicação de massa, não pode-se tomar uma postura ingênua, pois esses, aos poucos, vão moldando os conceitos sobre sexualidade, tanto de adultos quanto de crianças. As cenas de nudez nos comerciais, filmes (até mesmo na “sessão da tarde”), telenovelas, talk-shows e inúmeras cenas de relações sexuais, insinuações de incesto e violência sexual perpassam a “telinha” dos lares, gerando com certeza, nos jovens e crianças, a idéia de que o sexo é algo banal, vulgar e “utilizável” só para o proveito pessoal, onde, alimentar-se e relacionar-se sexualmente não há diferença, visto que ambas as atitudes são para satisfação de necessidades básicas.
Com toda certeza, os meio de comunicação são “lavadores de mentes” no que diz respeito a sexualidade em nossos dias. Pode-se dizer que a porneia penetra nas diversas camadas sociais através dos meios de comunicação de massa, transformando o sexo numa prática extremamente egocêntrica e utilitarista, e não mais uma expressão de carinho e compromisso.
O psicólogo Ageu Lisboa emprega um termo interessante para se referir a influência da mídia sobre as pessoas: Mid-idiotização! Ele afirma que: “Em novelas e romances vendidos nas bancas, nos programas de televisão para o público adolescente ou mesmo para o grande público, há um claro incentivo a qualquer forma de expressão da sexualidade. [...] É a cisão sem sofrimento nem culpa entre sexo e afeto. Atitude utilitária. [...] Um fato que choca a consciência e os valores de uma civilização podem ser trabalhados num estúdio de Hollywood [...] o resultado é um belo filme com uma trilha musical bem produzida, atores e atrizes irresistivelmente charmosos e um roteiro sentimentalmente envolvente, que pode criar uma adesão emocional ao que era primariamente repugnante. Mais dois filmes e depoimento de gente rica e famosa que viveu algo assim, como nos filmes e pronto! A resistência das consciências no plano coletivo vai diminuindo. Assim todos os interditos e limites vão sendo glamourizados e suprimidos”.
O que Lisboa esboça nas palavras acima é uma verdade lamentável, ainda que ele não diga nenhuma novidade, ao lermos suas palavras atentamos para essa realidade muitas vezes esquecida, ou melhor, ignorada, afinal já estamos tão acostumados, quem sabe até mid-idiotizados!
Rompendo sua relação com a pessoa (soma-corpo), o sexo torna-se insensivelmente uma mercadoria de consumo (porneia-imoralidade sexual). Essa instrumentalização percebe-se no fenômeno do erotismo e da pornografia, tal como ele é vivido atualmente em muitos meios.
Nessas condições, é natural que o sexo já não seja mais vivido como um compromisso da pessoa e sim como uma forma de entretenimento e diversão, como se tratasse de uma brincadeira infantil.
A consequência desse liberalismo sexual é um profundo sentimento de vazio e decepção. É relacionamento sexual reduzido ao genital e ao egoísmo, constituindo-se na instrumentalização do parceiro, ou seja, o que foi criado para ser fonte de prazer e satisfação mútua passa a ser fonte de desespero e mediocridade. O outro se torna um objeto para que eu satisfaça meus desejos egoístas, que na maioria das vezes está mascarado com a frase: Eu te amo!
A sexualidade compromete a fundo a pessoa. Ainda que a porneia tenha ganhado novas expressões conceituais, com o advento dos meios de comunicação em massa, o ser humano não mudou, continua tendo a mesma estrutura constitutiva, é soma, e nessa condição, hoje, pode-se tornar escravo da porneia.

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