sexta-feira, 25 de janeiro de 2013
A bíblia dos bandidos
Modernamente a mídia, no afã de informar com primazia, os jornalistas buscando o “furo” sensacional, as emissoras de rádio e Tv disputando a preferência nacional junto dos leitores, este complexo de fatores redunda em deixar a sociedade em pânico, aterrorizada sob terrível pressão de uma carga de informações macabras, acuadas pelos delinquentes que se tornam cada vez mais hábeis, ousados e sanguinários. Isto ocorre, também, mercê de uma verdadeira patuscada, isto é, por obra dos cursos ministrados pela própria imprensa que ensina aos bandidos a arte e o engenho de praticar crimes com perfeição, sem deixar pistas e iludir os olhos das autoridades. Na ocasião em que a polícia matreiramente colocou um dispositivo de orientação no pacote de dinheiro exigido como resgate pelos sequestradores do irmão dos cantores Luciano e Zezé de Camargo, em Goiânia, a mídia, pressurosa e burramente, revela a presença do mecanismo esperto que orientou a polícia na localização do valhacouto; recentemente uma locutora que noticiava um assalto ocorrido em Campinas (SP) informou, eufórica, que os delinquentes foram agarrados pela polícia graças a um dispositivo de localização incrustado no celular de uma das vítimas; outro locutor noticiou que a polícia estava colhendo impressões digitais no local do crime; um locutor famoso, que todas as tardes vocifera na TV contra a insegurança que reina entre nós, que tem o topete de interpelar o Secretário de Segurança, este mesmo “sabichão”, quando ocorreu o assassinato da infeliz advogada na represa de Nazaré Paulista, repetiu a sugestão que o veículo utilizado no crime não devia ter sido afundado na represa. Ao contrário, deveria ter sido incinerado para não dar pistas; outros locutores, a miúdo, anunciam as gordas somas de dinheiro obtidas com os assaltos a bancos, aos veículos portadores de valores ou de dinamitação de cofres dos bancos, divulgam sempre que as âmeras de TV instaladas nos beirais dos imóveis se prestam para identificar os delinquentes. Este curso, estas aulas, se fossem apostiladas, constituiriam um autêntico Instituto Avançado do Crime Perfeito (IACP). Quer parecer que os locutores dos programas de notícias policiais são inconsequentes, pois sabem, de sobejo, que o nosso Código Penal é burro, anacrônico, ridículo, paladino dos malfeitores. Assim graças a essa pândega, os locutores mostram o “caminho das pedras” aos criminosos que, doravante devidamente escolados, passarão a incinerar os veículos utilizados nos crimes, calçarão luvas para esconder as digitais, cobrirão seus rostos com barbas e bigodes artificiais para enganar as câmeras de TV, evitarão de portar os celulares de suas vítimas e tomarão extremo cuidado examinando minuciosamente a composição do resgate que receberem em seus sequestros.
O curso, estas aulas ministradas pela imprensa falada e escrita, este seminário gratuito, funciona dia e noite, cujos professores são os locutores e locutoras, pândegos que, por vaidade e fama, não percebem, não têm a mínima noção do mal que praticam. *(Baseado em texto de Newton P. Braga)
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