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sábado, 14 de julho de 2007

Um caso a ser apurado a fundo

O mega-escândalo da vez é o referente às fraudes nas licitações da Petrobras. Diversas pessoas foram presas em caráter temporário no início da semana, no Rio de Janeiro, entre empresários e altos executivos da empresa estatal. Quando se sabe que as concorrências da Petrobras envolvem valores milionários, e muito mais elevado no caso de aquisição de complexos e sofisticados equipamentos para extração de óleo em alto mar, o crime assume uma dimensão bem mais grave. Não é à-toa que a ação da Polícia Federal e do Ministério Público para desbaratar a rede de negociatas foi batizada de Operação Águas Profundas: abaixo da linha da superfície das atividades regulares da companhia – já uma das maiores do mundo no setor, para orgulho dos brasileiros – nadavam peixes graúdos da trampolinagem e da roubalheira. Vem de longa data a investigação do assunto. Foi um trabalho meticuloso, cercado de extremo sigilo, até que se descobrisse todo o esquema, com suas amplas ramificações. Deu no que está se vendo. Agora, é levar os fatos às últimas conseqüências, sem contemplações de qualquer natureza.
Pois justamente aí reside o problema, que faz temer pela completa apuração do episódio. Isto porque o mesmo pode extrapolar o simples plano da ocorrência policial, da delinqüência voltada para os propósitos de sucesso empresarial ou de ganhos pessoais ilícitos, e estender-se ao terreno político. Grampos de conversas telefônicas entre algumas das pessoas implicadas indicam a presumível existência de um duto que transportava dinheiro oriundo das fraudes para irrigar campanhas eleitorais. Os indícios não permitem conclusões definitivas a respeito, mas não são desprezíveis. Em decorrência, outra saída não há, se não ir em frente com o inquérito, com o máximo de rigor e isenção, a fim de que a inteira verdade venha à tona. Em outubro de 2006, um cifrado diálogo entre os sócios de uma das empresas supostamente beneficiados pela tramóia nas licitações para a reforma de quatro plataformas marítimas de extração de óleo, cujos contratos chegam a R$ 200 milhões, fala laconicamente, sem descer a detalhes, em “pagamento de dízimo de campanha”. Que estranha história é esta? É o que se tem de buscar saber. (Cinco empreiteiras associadas da Abemi (Associação Brasileira de Engenharia Industrial) e que mantêm contratos com a Petrobras doaram, juntas, R$ 2,5 milhões para políticos do PT em vários Estados. As empresas UTC, Genpro, Engevix, Potencial e Odebrecht mantêm pelo menos R$ 775,6 milhões em negócios com a petroleira, segundo levantamento feito pelo jornal a Folha de São Paulo)
Pesam contra as pessoas detidas fortes evidências de práticas ilegais, e o prosseguimento das sindicâncias vai definir o grau de responsabilidade de cada uma. Todavia, para que estas não terminem ficando como bodes expiatórios, é imperioso identificar a quem elas estavam conectadas. É portanto o que cabe à Polícia Federal e ao Ministério Público fazer e, pelo cuidado e a eficiência que vêm demonstrando na questão, é grande a hipótese de logo termos novidades. A menos, logicamente, que interesses superiores consigam impedi-lo, como aliás, e infelizmente, já sucedeu em outras oportunidades. (Fonte:O jornal A Tribuna de Santos – 14/7/07)

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