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segunda-feira, 25 de julho de 2011

Absurdo!!!

Devemos ser incansáveis na luta contra a violência e o preconceito.

A patrulha do amor - Via Época - 21.07.2011 - Por Ruth de Aquino

Era uma festa de interior paulista em São João da Boa Vista. O pai, de 42 anos, abraçou o filho, de 18. Eles se veem uma vez por mês. “A gente fica no maior chamego, é a saudade”, disse o pai. Um grupo de seis homens se aproximou e perguntou se eles eram gays. O pai ainda respondeu que não. Foi desacordado por um soco no queixo. Sua orelha direita foi decepada por um dos agressores. Era um serralheiro de 25 anos que odeia homossexuais.

O serralheiro, preso dias depois, foi solto logo. E provavelmente só se arrepende pelo erro de avaliação: se pai e filho fossem um casal, teriam merecido o castigo. Ele é um entusiasta da tese defendida pelo deputado federal Bolsonaro: pais devem dar palmadas em filhos com “desvios” para “curar a doença” que está destruindo a família brasileira.

Essa legião homofóbica é muito maior do que se pensa em nosso país. Ela começa a sair do armário. Os novos direitos iguais dos gays cumprem uma função importante: mostram quem é quem. Preconceitos ficavam escondidos pela legislação discriminatória. Agora, emergem com fúria viril e religiosa. Agressões como essa e tantas outras terão de ser punidas exemplarmente, até que a sociedade se civilize e se modernize. O racismo é crime? A homofobia também precisa ser crime.

“Estava eu, meu filho, minha namorada e a namorada dele. Elas foram no banheiro. Aí eu peguei e abracei ele”, contou o pai, vendedor autônomo que vive numa chácara em Vargem Grande do Sul, cidade vizinha. O filho mora com a mãe em São Bernardo do Campo, no ABC paulista. “Passou um grupo, perguntou se nós éramos gays, eu falei ‘lógico que não, ele é meu filho’. Ainda falaram: ‘Agora que liberou, vocês têm que dar beijinho’. Houve um empurra-empurra, eles foram embora, mas voltaram. Não sei se eu tomei um soco, apaguei. Quando levantei, senti. A minha orelha já estava no chão, um pedaço.” Uma mulher pegou o pedaço da orelha e colocou em um copo com gelo. No hospital, os médicos disseram que a orelha foi decepada por algum objeto cortante e muito bem afiado. “Não se pode nem mais abraçar um filho”, disse o autônomo.

Esse episódio dantesco numa festa agropecuária não choca apenas pelo ódio aos gays. Parece cada vez mais difícil ser pai amoroso quando, por todo lado, espreita a malícia alheia. Há dois anos, em setembro de 2009, um turista italiano foi preso por acariciar e beijar com “selinhos” a filha de 8 anos numa piscina pública em Fortaleza. Um casal de Brasília chamou a polícia. Estavam indignados com o “gringo pedófilo”. Ele branco, ela mais escura. A menina era filha do italiano com uma brasileira. A mulher também estava na piscina e protestou quando levaram o marido.

Pode-se entender o engano inicial numa região como o Nordeste, onde a prostituição infantil e o turismo sexual são uma tragédia quase oficial. Mas, mesmo depois de esclarecer que o italiano era pai da menina e estava com a mulher, como explicar sua detenção por dez dias de férias? Foi liberado sem pedido de desculpas. Daqui a pouco, um pai não poderá mais ajeitar o biquinizinho da filha, levar a menina ao banheiro, colocar no colo, abraçar e beijar.

Essa polícia do comportamento afetivo é dura, humilhante e cultural. Persegue sobretudo os homens. Em vários países, beijos entre heterossexuais não põem em dúvida sua masculinidade. São expressões de carinho. No Brasil, é mais complicado. Escrevi uma vez sobre o simbolismo de homens fantasiados de mulher no Carnaval. “O homem se veste de mulher porque quer ser mais afetivo de maneira escancarada, sair beijando todos, de qualquer sexo. Homem afetivo, nos outros dias do ano, é coisa de gay”, diz o psicoterapeuta Sócrates Nolasco. “É um momento do ano em que ele não precisa afirmar sua masculinidade. Mulher pode ser afetiva, carinhosa, extrovertida, e nem por isso será tachada de piranha.”

Deve ser cansativo e frustrante tentar se enquadrar o tempo todo no que a sociedade espera do macho. As novas gerações de homens deveriam fazer uma revolução.

quarta-feira, 20 de julho de 2011

Seleção brasileira de futebol





É muito injusto criticar a seleção brasileira face ao resultado final na Copa América somente porque não foram, em quatro oportunidades, concluídos com sucesso (balançar as redes) nenhum pênalti. É preciso analisar a vida que levam os nossos jogadores de futebol, pobres vítimas de torcedores inescrupulosos, que somente pensam em saúde, educação, segurança e qualidade de vida para todos. Esses dedicados atletas que pensam somente na glória da Pátria, apesar de serem os últimos colocados na escala financeira do País, ganham pouco, não tem a disposição nenhuma oportunidade na mídia, não possuem, ao menos, um profissional de nutrição para orientá-los quanto a uma boa alimentação; não tem disponível um local adequado para descansarem ou dormirem; não tem disponível um psicólogo para que cuidem de sua parte emocional. Qualquer problema de saúde, principalmente uma contusão, coitados, irão ter que enfrentar as escabrosas filas do Sistema Único de Saúde (SUS), após, mesmo doentes, terem utilizados os meios de transportes coletivo. Brasileiros, é de dilacerar o coração! Que meio de vida triste! Que injustiça criticar quem, mesmo sem condições de trabalho, defende com suor a Pátria em campos distantes, sendo que o principal culpado de tudo isto foi a grama que alguns acharam-na muito indigesta.

sexta-feira, 15 de julho de 2011

Parece que foi ontem... (Beto Volpe)


Parece que foi ontem que o mundo foi tomado de assalto por uma doença que se revelava uma ameaça à raça humana. Era um mal atípico, parecia atacar grupos como gays, usuários de drogas, prostitutas e hemofílicos. O último foi considerado vítima da AIDS enquanto os demais foram taxados como sua causa. Peste gay, doença de drogados, todo tipo de agressão represada passou a ser veiculada em todas as mídias, em todas as religiões. Como todo preconceito, acabou se voltando contra seus protagonistas e vimos aumentar o número de casos entre religiosos, casais heterossexuais, idosos, jovens e recrudesce entre gays, num moto contínuo macabro. A epidemia de AIDS tornou-se uma doença com a cara do Brasil: atinge em cheio pessoas sob as mais diversas vulnerabilidades sociais, como pobreza, falta de acesso a informações e ao próprio sistema público de saúde (Estima-se que 630 mil pessoas vivam com o vírus no País).
Parece que foi ontem que surgiu o coquetel que alterou completamente os rumos da epidemia, proporcionando às pessoas que vivem com HIV novas expectativas na vida, devolvendo o poder de planejar e realizar sonhos. Sonhos que foram sendo ameaçados pelos efeitos colaterais dos medicamentos, pois parece que foi ontem que eles eram apenas indisposições gastrintestinais. Hoje estudos demonstram que as mortes por AIDS foram reduzidas, mas os efeitos colaterais agora são fatais e vão desde doenças cardiovasculares a cânceres e estão matando mais que a própria doença. A velha história de estar entre o fogo e a frigideira. Não há como negar que o coquetel anti HIV é uma das maiores conquistas da ciência, mas uma vez mais a lentidão com que o governo e o movimento social tratam essa questão, deixa um rastro de mortes invisíveis, que não entram em nenhuma estatística oficial.
Parece que foi ontem que pessoas com HIV simulavam suas mortes na Avenida Paulista pois, parafraseando o Betinho da luta contra a fome, quem tem AIDS Tem pressa. Só havia duas alternativas: ou a pessoa se entregava à situação ou ia à luta pelo direito mais elementar, que é o direito à vida. ONGs e redes de direitos foram criadas e se articularam para exigir a atenção e o respeito merecidos. Uma das maiores conquistas foi o acesso aos remédios via SUS (Sistema Único de Saúde) que apesar dos revezes, é o que viabiliza o combate à epidemia no Brasil. Outra alternativa das às pessoas com HIV: sumir no anonimato. Sua vida estava garantida, seu emprego sempre em risco e o que os vizinhos iriam pensar? As instituições começaram a se ressentir da falta de novos ativistas enquanto os antigos passaram a adoecer ou a se corromper pelos vícios da perenidade de suas representações.
Parece que foi ontem que a AIDS trazia consigo o sentimento de urgência por parte da ciência, dos governos e da sociedade. Mas nesses trinta anos o HIV nos mostrou qual é sua principal arma: a mutação. A mutação genética que o torna resistente ao coquetel e provoca sérias consequências na assistência e na prevenção. A mutação científica, pois foi erroneamente considerada uma “doença crônica” e a indústria farmacêutica vibrou com as perspectivas de lucro farto. Faz também com que governos negligenciem verbas destinadas ao combate à AIDS, assim como faz com que as pessoas voltem a encarar o preservativo como aquela borracha sem gosto e sem necessidade.
Parece que foi ontem, mas hoje ainda temos muitas mortes, sequelas e a terrível sensação de que o vírus sabe mais das fragilidades humanas do que nós sobre as dele. E que, apesar do senso comum de que controlamos a doença, quem continua dando as cartas é ela.

sexta-feira, 1 de julho de 2011

Abaixo a Lei de Gerson! Vantagem só se for para todos! (Leila Navarro)

Nos últimos tempos, o que mais se ouve no mundo, em todas as esferas da sociedade, é o fator corrupção. Talvez não exatamente com esse termo, mas na essência do querer tirar vantagem em tudo. A impressão que se tem é que agora vale o jogo “ganha-perde” e, para um ganhar não importa se o outro vai ficar na lona, se as estratégias são obscuras, ilícitas, ilegais ou imorais! Se de um lado boa parte da sociedade está carente de recursos essenciais, de outro correm a revelia casos de fraudes na saúde pública, roubos de merenda escolar, desvio de verba pública, desvio de remédios, licitações nada lícitas e por aí vai.
A Pátria é como se fosse nosso pai, nossa mãe e quando a gente não pode confiar nela, fica muito complicado e não dá para ficar calada. Imaginem se nossos políticos, ao invés de tirarem vantagem para eles mesmos, pensassem em vantagem para todos os brasileiros espalhados Brasil a fora. Certamente a coisa seria bem diferente.
É difícil assumir, mas a realidade é que estamos classificados como um povo que “sabe tirar vantagem em tudo”. Vivemos em um mundo competitivo, repleto de tensões, no qual tudo muda rapidamente e ninguém sabe o que nos reserva o futuro. A maioria das pessoas considera impossível confiar umas nas outras, no amanhã, no mercado, nos projetos ou no governo. Tudo isso nos faz viver em permanente estado de alerta e adotar atitudes defensivas para não ser prejudicado nem passado para trás.
A falta de confiança se estende ao colega de trabalho, governos, instituições, projetos, empresas e mudanças – qualquer coisa que possa representar algum tipo de ameaça à nossa estabilidade ou segurança. Assim, fazemos da desconfiança a muralha que nos separa dos perigos do mundo exterior. Conscientes ou não, criamos uma geração de desconfiados. Levantamentos revelam que, de cada 10 pessoas, apenas 02 afirmam confiar em outras. Somos considerados um povo que não tem confiança! Situação tremendamente triste e preocupante!
Mas eu acredito que esse negócio tem jeito. Se eu e você começarmos a mudar a ideia subliminar do “jeitinho”, ela poderá se espalhar e converter esse conceito na mente da sociedade. Mas essa mudança só é passível de acontecer de dentro para fora e, para isso, precisamos trabalhar mentalmente uma nova postura: VANTAGEM SÓ SE FOR PARA TODOS – esse deve ser o nosso lema. Repita essa frase em voz alta, várias vezes por dia, por pelo menos 21 dias, até que ela se torne referência das suas relações. Isso também contamina e é esse tipo de postura que o Brasil precisa.
VANTAGEM SÓ SE FOR PARA TODOS!
Com CONFIANÇA e a conscientização de que VANTAGEM SÓ SE FOR PARA TODOS desencadeamos uma sucessão de atitudes de inclusão, respeito humano, movimento de primeiro mundo, o jogo do “ganha-ganha” e, assim, podemos gerar um mundo confiante e muito melhor.
Você já pensou nisso? Tem alguma sugestão de onde e como podemos tirar vantagem para todos?