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domingo, 14 de agosto de 2011

O orgulho de macho



“Os políticos brasileiros adoram fazer escola, deixar um legado de sua passagem pelos parlamentos e governos. O auge se dá quando seus nomes se transformam em conceitos para definir uma postura pública, como o getulismo e o malufismo. Não é o caso do vereador paulistano Carlos Apolinário, camaleão na política, vira-casaca de várias legendas. Mas ele será nota de rodapé da história por uma das maiores imbecilidades legislativas: a criação do Dia do Orgulho Heterossexual.
O projeto, aprovado por 31 vereadores-cúmplices, depende da canetada do prefeito Gilberto Kassab. O prefeito, aliás, reforçou a imagem de alguém que governa de costas para a cidade e para os comportamentos sociais que pulsam dentro dela. Para o prefeito, data como essa equivale ao Dia do Médico e ao Dia do Professor e jamais seria um estímulo à homofobia.
O projeto de Apolinário, que estabelece a “comemoração” no terceiro domingo de dezembro, influenciou outro aventureiro com mandato. O vereador Ciro Moura apresentou proposta semelhante em Fortaleza, no Ceará. Deputados federais falaram sobre a importância de um projeto semelhante em âmbito nacional.
O Dia do Orgulho Heterossexual é uma aberração social e cultural. Homofobia é exercício cotidiano, em um país com ranços machistas. Os casos de violência contra gays e contra mulheres se acumulam nas delegacias. A discriminação em inúmeros ambientes sociais é evidente por mais que se arrumem desculpas esfarrapadas para eliminar o outro do convívio.
O Dia do Orgulho Heterossexual não tem razão de existir. Grupos que compõem maioria na sociedade não necessitam de datas comemorativas, que funcionam e se mantém vivas como regime de exceção. O grupo dominante perpetua seu poder no dia-a-dia e uma data de celebração apenas serve para reforçar o preconceito. Por outro lado, expõe a existência do controle e da opressão sobre quem pensa ou age de maneira diferente. Mas não modifica ou ameniza o quadro de violência, seja psicológica ou física. Pelo contrário, pode até estimular comportamentos intolerantes, protegidos por uma impunidade real, antes apenas uma sensação.
A discussão sobre homossexualidade ganhou contornos políticos, o que - de certa forma – gera ressonância positiva. O assunto, antes trancafiado em armários ou sob pacto de silêncio, passa a fazer parte das rodas de conversas e da agenda de muitas instituições. O preconceituoso não pode mais se esquivar do tema. Ou tira a máscara, como fizeram muitos políticos, ou se cala, com a decisão consciente de que um novo cenário se desenha à porta dele.
O problema é que a sexualidade brasileira, transformada em debate público, aparece impregnada de moral religiosa, em larga medida moralismo de segunda mão. O vereador paulistano, inventor do Dia do Orgulho Heterossexual, pertence à bancada da bíblia, grupo apartidário, de várias religiões e amigo do poder, que se alimenta da desinformação de eleitores impregnados por uma fé cega e excludente por natureza.
Esta parcela da classe política, sanguessuga de ideias ultrapassadas, mistura moral religiosa, que distorce inclusive os textos originais bíblicos, com assuntos laicos. Religião e política assumiram o relacionamento afetivo. Na última eleição para presidente, aborto virou prioridade nacional e, em momento algum, foi tratado como pauta de saúde pública. A retórica eleitoral ignorou milhares de mulheres que morrem em clínicas clandestinas.
Projetos como os dos vereadores de São Paulo e Fortaleza atendem a facção mais atrasada de um país que se considera civilizado. Se a lógica de raciocínio persistir, poderemos ter – em breve – vereadores ou deputados propondo o Dia da Consciência Branca e o Dia do Homem. Quem sabe o Dia do Homem Branco? O kit-preconceito ficaria completo. Muita gente adoraria. (Marcus Vinicius Batista)”

Quando a gente acha que nada mais bizarro poderia vir da política, eis que os “distintos” (parabéns para os que elegeram uma coisa desta natureza que ao meu ver são verdadeiras mula-sem-cabeça) nos surpreendem e conseguem se superar.
Veja que isto acontece no estado mais evoluído do País. É para ficar em dúvida entre rir, chorar ou bater a cabeça na parede.
No nosso querido Brasil, todos sabemos, mas continuam sendo eleitas pessoas de extrema mediocridade. No nosso País a política não rima com trabalho em nenhum momento, mas esta proposta aqui é o supra-sumo da falta do que fazer. Numa sociedade como a nossa em que educação, segurança, saúde são prioridades, vem um cidadão “desmiolado”, carregado de preconceitos propor uma verdadeira atrocidade. Será que este “ser” não se preocupa com os preços que aumentam, com o nível de emprego, com a violência, com o trânsito caótico.
Desde quando heterossexual necessita de um dia de orgulho?
Acredito que este “representante do povo” não tem ciência de que o heterossexual é maioria, não é vítima de violência, não sofre discriminação, preconceito, ameaças ou constrangimentos. Não necessita de dia para se afirmar. Em determinados momentos históricos, as mulheres, os negros, minorias raciais e outros sofreram brutalidades, ofensas e hoje têm os seus dias no calendário. Essas datas, sim, têm sentido, pois estimulam a tolerância, a paz e a solidariedade entre as pessoas.
Se os homossexuais reivindicaram (e conseguiram) um dia para o orgulho deles é um problema/solução deles.
O pior de tudo é que este cidadão não está sozinho no pedestal das datas estapafúrdias. Nos anos 90, houve um tal de Alberto “Turco Loco” (veja o nome da “peça”), com uma visão fenomenal, criou medidas de caráter muito útil e inesquecível para os habitantes da cidade e do estado de São Paulo. Ele, num momento de “inspiração” criou o Dia do Rock e o Dia do Surf. Não é uma criação sensacional?
Não vai demorar e teremos datas comemorativas importantes para o nosso bem-estar como: Dia do Mico Leão Dourado do Topete Grande, Dia do Guaxinim Vesgo, Dia da Formiga, etc. etc... Seja sincero!!! Como é que você poderia viver sem comemorar estas datas no seu dia a dia?
As pessoas que desperdiçaram seus votos com esta aberrações só podem estar em estado letárgico. É duro ver, ainda, que estas pessoas ganham polpudos salários e encontram espaço aberto na mídia para propagarem besteiras a esmo.

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