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sexta-feira, 30 de novembro de 2007

As veias abertas


São três conflitos diferentes, mas com origens similares e uma lição importante para o Brasil. Na crise mais vistosa, o presidente da Venezuela, Hugo Chávez, anunciou o rompimento das relações com o governo colombiano. "Enquanto o presidente Uribe for o presidente da Colômbia, não terei nenhum tipo de relação nem com ele nem com o governo da Colômbia", declarou Chávez. O pretexto é o fato de a Colômbia ter descartado a participação de Chávez na negociação pela liberação de seqüestrados políticos. Pura cortina de fumaça. Sob ameaça real de perder o referendo constitucional de domingo, Chávez está buscando um inimigo externo para reunificar em torno de si o voto nacionalista. E a Colômbia é um alvo perfeito pelas históricas tentativas (e fracassos) de Bogotá em criar um país único no norte da América do Sul.
A segunda crise é da Bolívia, também envolvida numa polêmica reforma constitucional. Uma greve geral paralisou ontem os departamentos de Santa Cruz e e Chuquisaca, os mais ricos do país e centros da oposição ao governo de Evo Morales. Em Tarija, Beni, Pando, Cochabamba, a greve se concentrou apenas nos centros urbanos. A paralisação foi um protesto contra a aprovação, no sábado (24/11/2007), de um projeto de Constituição sem a participação dos parlamentares opositores. O país está dividido. Os departamentos produtores de gás natural na fronteira com o Brasil querem mais autonomia, talvez até a criação de um novo país. Evo Morales quer a distribuição do dinheiro do gás pelo país, especialmente nos seus redutos eleitorais indígenas. No fim de semana, quatro pessoas morreram em confronto com a polícia em um protesto em Sucre, a cidade que até a semana passada era o palco dessas reuniões da constituinte. Longe de Sucre e dos oposicionistas, os deputados ligados a Evo aprovaram a retirada de verbas e expropriação de terras dos Estados produtores de gás.
Por último, o presidente do Equador, Rafael Correa, anunciou ontem que colocará seu cargo à disposição em apoio aos trabalhos de uma Assembléia Constituinte com "plenos poderes". Antecipando-se ao início dos trabalhos da Constituinte, o Congresso equatoriano declarou que entrará em recesso por um mês. "É agora ou nunca, se dessa vez não conseguirmos que o país mude radicalmente de maneira pacífica, na próxima vez o povo vai querer fazer mudanças de formas violentas", disse o presidente. Agora, a lição. A diplomacia brasileira finge que o país é um líder regional, que merece um lugar nas negociações mundiais, mas o que está fazendo para evitar essa crise geral no continente? A idéia de não-intervenção no assunto dos vizinhos é muito bonita quando os países estão em crises digamos “normais”, mas as três de hoje têm reflexos diretos no futuro da democracia do continente. Quem garante o abastecimento de gás no Brasil se houver uma guerra civil na Bolívia? E por que o Brasil não tenta mediar a crise entre Bogotá e Caracas? Qual a posição do “líder” Brasil com a óbvia interferência do chavismo no Equador? Líderes tem que liderar. E não se omitir.
(Fonte: O Filtro)

quarta-feira, 28 de novembro de 2007

Doença Nacional (Maria Lúcia Victor Barbosa)


Se você, caro leitor, não tem o hábito de ler jornais e sua informação deriva apenas do que é veiculado pelas redes de televisão, irá crer com fé inquebrantável que Deus é brasileiro porque nosso país é o próprio paraíso na terra depois que Lula da Silva ascendeu ao poder. A Saúde, disse o presidente, está perto da perfeição. O desemprego caiu. Os pobres comem três refeições por dia porque o programa Fome Zero deu certo. O mundo se curva para o Brasil, mesmo porque, ganhamos o jogo contra o Uruguai. Portanto, essa coisa de caos aéreo, caos da Saúde, caos do gás, impostos escorchantes, entre eles a famigerada CPMF apresentada como salvação nacional, falta de infra-estrutura, fracasso de políticas públicas, violência urbana chegando a níveis insuportáveis, violência praticada pelos chamados movimentos sociais ligados a Via Campesina, como o MST e congêneres, não existem. São intriga da oposição, mentiras dos que não aceitam que o Brasil deu certo. Tão pouco existe corrupção no governo, apesar da queda constante de ministros ou de casos escabrosos onde petistas, diante de montanhas de provas e evidências se declaram inocentes, enquanto seu líder afirma que nada vê, de nada sabe. Afinal, ele é apenas um pobre presidente da República. Assim, idiotizados pela propaganda, enlevados pelo mito do “pobre operário” cuidadosamente construído pelo PT, aceitamos com naturalidade a total inversão de valores que aos poucos vai erodindo o que resta de nossa civilidade. Temerosos de infringir o politicamente correto damos por certo que elite é um termo pejorativo ao invés de significar produto de qualidade. Nos curvamos ao veneno destilado pelos seguidores dos novos donos do poder que, usando a velha tática de dividir para dominar, a qual por sua vez é indutora de simplismos maniqueístas, divide a sociedade entre maus (aqueles que não são do PT) e bons (os que são petistas); elites (ricos maus e exploradores, em que pesem as doações dos grandes empresários para as campanhas milionárias do mitológico pobre operário e do fato deste e de seus mandarins da cúpula petista terem chegado ao paraíso da burguesia) e pobres (classe majoritária que foi resgatada das garras do capitalismo selvagem por LILS, o iluminado salvador da pátria); brancos (transgressores dos direitos humanos e opressores dos negros) e negros (cujo direito de odiar brancos e agredi-los é algo natural, como disse uma ministra do bondoso pai Lula). E temos apenas dois partidos: PT e PSDB (quem não pertence ao Partido dos Trabalhadores fatalmente é tucano, ainda que não faça parte de nenhum partido).

Acentua-se no Brasil, portanto, o etnocentrismo, ou seja, o julgamento que tudo o que é de alguns é bom e de outros é mau. É o radicalismo do “meu” e do “seu”. Não temos meios termos. Não existem morenos, mulatos, cafusos. Ou se é negro ou se é branco. Ninguém se salva fora do PT e todos que pertencem ao PT são cidadãos acima de qualquer suspeita, façam o que fizerem.

A chamada base governista, ou adesistas de ocasião, capazes de se vender a qualquer preço, mesmo por um “chinelinho novo”, não possuem tanta imunidade. São usados e depois jogados fora. Que o diga o PMDB, partido cujos integrantes, segundo uma amiga internauta, trazem na testa um código de barra, é só passar em qualquer maquininha que sai o preço. Aliás, os mais experientes políticos de diversos partidos nunca aprendem que o PT possui leis próprias, entre elas, esmagar os que não pertencem à casta dos companheiros, triturar os que ajudam o partido e ao seu líder máximo.

Caminhamos rumo ao atraso e a decadência, sob o comando do espaçoso Hugo Chávez, mas vamos felizes entre uma partida de futebol e outra. Afinal, não vamos sediar a Copa do Mundo? Querer mais o quê?

E enquanto o povo se alegra assistindo futebol, gesta-se nos bastidores do poder o terceiro mandato do amado avatar, Lula da Silva. Quem poderá impedi-lo? E que outro mito o PT possui para se perpetuar no poder? Como o próprio presidente afirma que seu comandante Hugo Chávez é um democrata, basta seguir seus passos, como, aliás, vem acontecendo de forma mais branda, conforme a marca registrada brasileira da dubiedade. Calmamente, cuidadosamente o PT fabrica sua ditadura sob aplausos gerais e toques de tambores de guerra de seus estridentes e fanáticos militantes e simpatizantes. Alertas parecem soar inutilmente enquanto triunfa a ignorância, a truculência, a incompetência, a corrupção. A decadência da nossa sociedade já é uma doença que parece incurável, pois progrediu muito. Perdemos nossa elite no sentido dos melhores, dos mais virtuosos e isso faz lembrar o portentoso pensamento de José Ortega y Gasset em Espana Invertebrada: “quando a massa nacional chega a determinado ponto, são inúteis os argumentos racionais. Sua enfermidade consiste, então, no fato de que a maioria não se deixará influenciar, fechará freneticamente os ouvidos e pisoteará com mais força naqueles que queiram contrariá-la”. A partir daí se segue o triste espetáculo dos piores suplantando os melhores”.

domingo, 25 de novembro de 2007

Mensalão


sexta-feira, 23 de novembro de 2007

Animador


quarta-feira, 21 de novembro de 2007

A grande farsa


Natal?
Perguntem à maioria das pessoas o que é o Natal! Responderão um monte de baboseiras e besteiras, despreparadas para uma festa tão séria e apoteótica. Em geral, preocupam-se com perus, lombos, farofas, tenderes etc., mas, no dia seguinte, cadê o espírito de Natal? Onde estará o espírito altruísta, verdadeiro sentimento de ajuda ao próximo?
É durante o ano todo que devemos perseguir a vontade de ajudar os necessitados, sem as besteiras dos ritos impostos por igrejas decadentes, supérfluas e enganosas. É constrangedor saborearmos um suculento quitute, sabendo que há 35 milhões de brasileiros esfomeados, desdentados, ao relento, saboreando promessas de políticos cínicos, em pratos vazios de esperança.
Que neste Natal possamos criar dentro de nós um sentimento de preocupação, respeito, tolerância e dedicação a estas pessoas tão doídas e sofridas. Basta às firulas natalinas comerciais, basta à hipocrisia barata de sentimentos etílicos de duração de poucas horas. Chega de missas e pregações duvidosas. É ajudando o próximo (sempre) que nos aproximamos do Senhor: viva o Natal!

segunda-feira, 19 de novembro de 2007

Meu País (Divaldo Alves)

Um país onde as leis são descartáveis por ausência de códigos corretos, com milhões de analfabetos e multidão maior de miseráveis.
Um país onde os homens confiáveis não têm voz, não têm vez, nem diretriz, mas corruptos têm voz, têm vez, têm bis e o respaldo de um estímulo incomum, pode ser o país de qualquer um, mas não é, com certeza, o Meu País.
Um país que os seus índios discrimina, e a ciência e a arte não respeita, um país que ainda morre de maleita por atraso geral da medicina, um país onde a escola não ensina e o hospital não dispõe de raio-x, onde o povo da vila só é feliz quando tem água de chuva e luz de sol, pode ser o país do futebol, mas não é, com certeza, o Meu País.
Um país que é doente, não se cura, quer ficar sempre no terceiro mundo.
Que do poço fatal chegou ao fundo, sem saber emergir da noite escura.
Um país que perdeu a compostura, atendendo a políticos sutis, que dividem o Brasil em mil "Brasis", para melhor assaltar de ponta-a-ponta, pode ser um país de faz-de-conta, mas não é, com certeza, o Meu País.
Um país que perdeu a identidade, sepultou o idioma portuguêsaprendeu a falar pornô e inglês, aderindo à global vulgaridade.
Um país que não tem capacidade de saber o que pensa e o que diz.
E não sabe curar a cicatriz desse povo tão bom que vive mal,pode ser o país do carnaval, mas não, é com certeza, o Meu País.

domingo, 18 de novembro de 2007

Plantando pessoas (Neiva Pavesi)

Há sessenta milhões de anos um asteróide caiu na Terra, convulsionando-a, e destruiu os dinossauros. Hoje, o asteróide somos nós, os seres humanos, tão inteligentes a ponto de construir naves espaciais e desinteligentes a ponto de provocar o aquecimento global. Cosmicamente, fomos criados para engrandecer tudo com nossa presença; para produzir obras agradáveis que nos proporcionem todas as prosperidades. Por muito tempo a maioria da humanidade andou na contramão de seu destino, amesquinhando e apequenando o mundo. Crises e problemas avolumaram-se a um ponto insustentável e chegamos ao hoje: eis a oportunidade para darmos uma guinada de cento e oitenta graus, abandonarmos a acomodação, a vitimização, e caminharmos na margem certa do rio da vida. Malgrado as decepções, o mundo continua belo.
Felizmente, apesar da violência que campeia, está em gestação a ética inclusiva e a idéia grupal ganha terreno rapidamente. Tudo o que acontece ao nosso redor podemos decodificar como dores do parto que precederá a vinda da luz. Toda a bagunça, a podridão que acontece por aí, são sinais claros de mudanças. Esta é a hora da humanidade organizar-se melhor e estabelecer vínculos solidários entre si; de descobrir que só a união poderá livrar-nos do asteróide que somos.
Há muitos e promissores sinais mostrando a sociedade organizando-se e assumindo suas responsabilidades, se autogerindo, num movimento de baixo para cima. Então, agregue ao discurso inflamado, indignado (com razão), contra a situação vigente, a coragem de mudar o que lhe desagrada. É preciso agir! Falar, por falar, não leva a nada. A palavra de ordem é ação. Procure saber o que a sociedade está produzindo de positivo; informe-se; leia; pesquise (escolha a mídia, claro); agrupe-se. Aja!
Conhece você o trabalho extraordinário que os rotarianos realizam? Além da ação de erradicação da poliomielite infantil no mundo, os clubes de serviço locais trabalham juntos com empresários da construção civil e com o poder público para alfabetizar operários em seus próprios locais de trabalho. Também, nessa linha de ação, otimizam o preparo de professores para enfrentarem o desafio da erradicação do analfabetismo de jovens e adultos no Brasil e no mundo, com seminários sobre alfabetização. Noutro movimento, levam informações aos alunos quanto à escolha de futura profissão. E encaram a educação dentro da realidade de hoje: precisamos de doutores e, também, de bombeiros, bibliotecários, chefes de cozinha, garçons, professores, enfermeiros... Precisamos de ótimos profissionais em todas as áreas técnicas e acadêmicas. A preocupação com a inclusão de pessoas portadoras de necessidades especiais, especialmente visuais, moveu rotarianos na ação de proporcionar-lhes condições de adaptação pessoal, profissional e ao mundo da arte, que remete à sensibilidade. Isto é ação: compartilhar, mostrar o caminho, transformar crises e dificuldades em oportunidades.
Não há como ficar somente no discurso estéril que você tanto condena nos políticos. A palavra sem ação, é morta. Mexa-se. Torne-se mais um na corrente da ação, que diminui as diferenças, a violência, que dá oportunidades, que leva à cultura da paz. Diz um antigo, e atualíssimo, provérbio chinês: “Se sua visão for para vida inteira, plante pessoas”.

sábado, 17 de novembro de 2007

Cala a Boca, Chávez

No encerramento da 17ª Cúpula Ibero-americana, em Santiago do Chile, o falastrão Hugo CHÁVEZ disse o que quis e, pela primeira vez, ouviu o que não quis, inclusive, foi surpreendido por um cala-boca real que, ao que parece, o está perturbando até agora. Desta vez o falso democrata venezuelano resolveu, ao invés de atacar, como costuma fazer, os Estados Unidos, seu maior parceiro econômico, partir para uma fanfarronada contra a Espanha. Seu alvo foi o ex-primeiro-ministro espanhol, José Maria Aznar, que por sinal foi um excelente governante, homem de mentalidade moderna e dotado de visão de estadista, ou seja, o avesso do caudilho populista.
Acostumado ao mando, O boquirroto DITADOR DE FATO, chamou Aznar de fascista, acusando-o de ter apoiado o golpe ocorrido na Venezuela em abril de 2002.
A resposta veio rápida. O atual premiê espanhol, José Luis Rodrigues Zapatero, por sinal adversário político de Aznar, deu uma lição ao venezuelano, que seria impensável como reação brasileira. Recorde-se que quando Chávez disse que o Congresso brasileiro era o papagaio de Washington, as cabeças se abaixaram humildemente sem a menor reação. Diferentemente, Zapatero reagiu e disse: “Senhor Chávez, podemos discordar radicalmente das idéias de uma pessoa. Mas para respeitar e sermos respeitados, não podemos nunca desqualificar essa pessoa”. Imagina se Zapatero conhecesse os métodos de ataque petistas, que sempre começam com o achincalhamento dos que não rezam por sua cartilha. Como Chávez insistia em sua arenga, ouviu do rei Juan Carlos I da ESPANHA um incisivo :” Por que não te calas?” De todo modo, o ataque gratuito dirigido a Aznar chegou a ser grotesco na boca de um golpista como Chávez, o criador das milícias bolivarianas que são arremedos das milícias fascistas de Mussolini. E bem nesse momento em que acusa ao rei da Espanha de golpista, Chávez está reinventando a Constituição venezuelana que, aliás, já tinha moldado conforme seus interesses golpistas. Agora quer leis que o dotem de poderes ilimitados, portanto ditatoriais, que incluem o fim da propriedade privada, e permitem sua perpetuação no poder através de eleições sucessivas. Isso significa que ele sempre poderá dizer que é um democrata, pois obedece às leis, mas se o estratagema legal pode retratar o Estado de Direito, jamais traduzirá o Estado democrático de Direito. Mesmo porquê, Hugo Chávez vem enxovalhando todos os requisitos da democracia em seu país.
Vejamos como fez isso:
Ele dominou o Legislativo e o Judiciário, rompendo com o equilíbrio dos Poderes constituídos, extinguiu a liberdade de expressão, de organização de opinião e fala diretamente às massas na forma de governar que chamam de democracia direta, idéia, aliás, que sempre foi cara ao PT e característica do mando dos tiranos. Portanto, Chávez tem mais de Mussolini dos trópicos do que de Simón Bolívar. Este, ao final da vida, frustrado por suas tentativas de unificar parte da América na Grande Colômbia partilhada entre Colômbia, Venezuela e Equador, profetizou: “Este país, a Grande Colômbia, cairá infalivelmente nas mãos da populaça desenfreada para passar em seguida para a dominação de obscuros tiranetes”. E concluiu: “Entregues a todos os crimes e esgotados pelos nossos cruéis excessos, os europeus não procurarão sequer reconquistar-nos”. Depois de suas grosserias é possível que Chávez não tenha mais facilidades com os europeus, especialmente com a Espanha.
Nosso grande problema na América Latina se concentra na nossa mentalidade do atraso que pode ser traduzida da seguinte maneira: buscamos respostas às nossas necessidades no passado ao invés de procurá-las no futuro. Dotados de um anti-americanismo xenófobo preferimos a ALBA de Chávez à Alca norte-americana, nos ufanamos de ser de esquerda e permanecemos no século XIX a cultivar um marxismo requentado. Odiamos a globalização mesmo sem entender o que é isso, enquanto a China comunista, sem o menor pudor ideológico, entendeu muito bem e caminha para ser a próxima potência mundial. Para culminar, o Brasil, através de seu chanceler de fato, Marco Aurélio Garcia que se notabilizou não pela nossa desastrada política externa da qual é mentor, mas por gestos obscenos, não abre mão de incluir Chávez no Mercosul. Pior, a Câmara já aprovou a entrada do ditador, ignorando que a Venezuela não se enquadra nas regras do organismo que exige de seus membros a prática da democracia e da economia de mercado. Como disse o embaixador Sérgio Amaral: “com Chávez e seu confuso socialismo do século XXI o Mercosul terá o beijo da morte”.
Seria, pois, interessante, nosso governo, que inclui nossos parlamentares, pensarem bem sobre isso, caso contrário, Chávez, e seus seguidores como Evo Morales que além de expropriar a Petrobrás na Bolívia, fechou a torneira do gás, chegarão à conclusão que, se não somos propriamente uma República das Bananas, estamos nos tornando uma República dos bananas. E viva o rei Juan Carlos I. (Maria Lúcia Victor BarbosaGraduada em Sociologia e Política e Administração Pública pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e especialista em Ciência Política pela UnB. É professora da Universidade Estadual de Londrina/PR. Articulista de vários jornais e sites brasileiros. É membro da Academia de Ciências, Artes e Letras de Londrina e premiada na área acadêmica com trabalhos como "Breve Ensaio sobre o Poder" e "A Favor de Nicolau Maquiavel Florentino". Criadora do Departamento de Desenvolvimento Social em sua passagem pela Companhia de Habitação de Londrina. É autora de obras como "O Voto da Pobreza e a Pobreza do Voto: A Ética da Malandragem" e "América Latina: Em Busca do Paraíso Perdido")

quarta-feira, 14 de novembro de 2007

Carta para Evo (Hamilton Bonat)

Caro Presidente Morales:
Espero que esta o encontre com saúde, para que possa continuar exercendo, com muita energia, sua liderança.
Por aqui, tudo como dantes. O São Paulo já é campeão e o Coxa (Coritiba F.C.) voltou para a “Série A”. A novidade fica por conta do lançamento do filme Tropa de Elite. É sensacional. Recomendo-o ao amigo. Porém, devo alertá-lo de que o chefão do tráfico morre no final. Se quiser, mando uma cópia (serve pirata?).
Soube que o presidente Lula vai visitá-lo. Levando em conta a amizade entre vocês, nascida nos bons tempos do Fórum de São Paulo, bastaria um telefonema. Seria mais barato. Mas não se preocupe. Não é ele quem vai pagar.
Acredito que pretenda recebê-lo com toda a fidalguia. Para não cometer nenhuma gafe, aconselho-o a não falar sobre futebol. A diretoria do Corinthians, time do nosso presidente, envolveu-se numa confusão danada e foi demitida. Dizem que foi corrupção. Você sabe muito bem como ele odeia esse tipo de assunto.
Sabia que o Bush andou por aqui? Veio conversar sobre bio-combustíveis. O fidel ficou com ciúmes. Foi logo dizendo que vai faltar comida. Você não acha que o Comandante anda meio caduco? Ele pensa que o Brasil é do tamanho da Ilha? Se tiver chance, diga-lhe que ando preocupado. Recebi umas fotos de Cuba. Achei algumas pessoas magras demais.
Será que não estava na hora de plantarem mais arroz, feijão e batata e pararem de produzir seus famosos charutos? Agora, se os raquíticos das fotos não forem filiados ao partido, tudo bem.
Mas, voltando ao Brasil, parece que o pessoal do Rio e São Paulo anda meio chateado. Está faltando gás. Cá entre nós, quem mandou os taxistas converterem o motor dos seus carros? E os empresários então? Só para economizar, a classe dominante investiu em usinas a gás. Bem feito para eles.
Aliás, é sobre o fornecimento de gás que nosso presidente vai conversar com o amigo. “Good news”! Parece que há intenção de investir de novo na Bolívia. Como não é bobo, sei que você vai topar. Depois, é só mandar o exército tomar conta.
E aí, como andam as coisas? Os venezuelanos estão cuidando bem das nossas refinarias que você... digamos, usurpou? Parece que tudo o que você, Fidel, Lula e Hugo Chávez combinaram no Fórum de São Paulo está dando certo. Que bom!
Último alerta ao amigo. Se a “cumpanheirada” que está na direção da Petrobrás for competente e tiver vontade, logo logo estaremos produzindo o gás de que necessitamos. Imagine se isso acontecer? O que você fará com o seu gás? Aborde isso com o Lula.
Saudações Bolivarianas.

domingo, 11 de novembro de 2007

Leite... é Soda!!!



































Consumidor Brasileiro na era PT

sábado, 10 de novembro de 2007

A CPMF

Eu tenho me divertido ao acompanhar o noticiário sobre a dança dos políticos em torno da prorrogação da CPMF. O resultado final todos já sabemos qual é, será prorrogada e fim de papo. A questão é ver os papéis que os diversos atores desempenham em torno do tema, que é a síntese do manicômio que se tornou o sistema tributário nacional: nenhum grupo político ousa fazer a defesa da maioria, dos brasileiros em geral, os pagadores de impostos anônimos.
Aqui podemos ver com todas as letras que não existe oposição política de fato no Brasil, pelo menos naquilo que a política tem de mais de substantivo, que é a defesa da liberdade enquanto tal, que tem um dos seus medidores na cobrança desproporcional de impostos. Todas as agremiações partidárias, por um motivo ou por outro, não podem votar contra a prorrogação da CPMF. Lula foi feliz ao dizer que seu possível sucessor não quererá abrir mão do recurso que, uma vez recusado agora, teria muitas dificuldades para ser reintroduzido posteriormente. Está certo na sua lógica.
O PSDB está feito prostituta de rua, rodando a bolsinha e piscando para os petistas passantes. Em um gesto a dama estará entregue sem qualquer resistência. As “condições” impostas para a adesão, divulgadas nesta semana, não serão atendidas, exceto em um ou outro ponto acessório. Vieram apenas para marcar posição. O DEM da mesma forma, arrota oposição enquanto seus membro estão aderindo, um a um, na calada da noite. Todos os dias os colunistas políticos noticiam o nome de mais um que entrou no jogo do PT. O interesse geral não vale nada diante dos interesses específicos de cada grupo político representado por cada senador.
O ponto aqui é que está exposta a fratura de nossa sociedade: uma minoria de barões tem poder sobre os destinos de toda a gente sem representá-la de fato, seja pela distorção do sistema político, que ponderou os votos que deveriam ser igualitários, seja pelo sistema econômico, cujos interesses maiores estão cristalizados no caixa do Tesouro: bancos, funcionários públicos, fornecedores do Estado, aposentados, recebedores de bolsa-esmola, toda essa grande e qualificada minoria tem seu motivo particular para não deixar a carga tributária cair. O butim não pode ser reduzido.
Temos que ver a questão federativa também. A CPMF financia a União, cuja receita foi esquartejada na nova Constituição sem que os encargos tivessem sido repassados aos entes federados. A CPMF corrige essa distorção elevando a carga tributária. Esse é o único sustentáculo racional para a sua existência, o que nada tem de racional evidentemente. Irracional é todo o sistema tributário junto com o sistema de despesas públicas. Estamos a ver empresários sendo presos por exorbitância arrecadadora estatal e pela criminalização por descumprimento de normas contraditórias, incumpríveis na origem, cabendo à autoridade arbitrar quem será indiciado ou não. Não é por acaso: aumentar a arrecadação de agora em diante só mesmo mediante a coação pura e simples.
Estamos às vésperas do totalitarismo, pelo menos no que tange à perseguição tributarista estatal. Na verdade já estamos vivendo um regime de terrorismo fiscal explícito. É o Estado devorando sua própria gente que trabalha, em benefício dos vagabundos, parasitas, despachantes e assemelhados. (José Nivaldo Corderio - www.nivaldocordeiro.org)

sexta-feira, 9 de novembro de 2007

quarta-feira, 7 de novembro de 2007

Leite contaminado


Em tempos atrás, o leite era vendido a granel. O interessado levava uma vasilha à leiteria, a qual era enchida com o leite semicongelado. Ninguém colocava em dúvida a qualidade do produto e nunca se teve notícias de qualquer alteração na sua composição original, o qual era gorduroso, tinha sabor agradável e ainda se fazia manteiga com a nata – espessa e amarelada.
Como consumidores inocentes, não sabemos há quanto tempo o leite que consumimos está contaminado com soda cáustica e água oxigenada, uma vez que adquirimos o produto em supermercados, geralmente em caixas com doze embalagens longa vida, com validade de até três meses, cujos preços variam conforme a marca e promoções.
Quem nos assegura que outros produtos líquidos, embalados em caixas, como sucos e polpas, também não estejam contaminados com conservantes também tóxicos? Não se tem notícia que misteriosos códigos de espessantes, conservantes, acidulantes, antioxidantes etc., constantes nas embalagens e autorizados pelas autoridades sanitárias, muitos sintéticos, possam provocar danos à saúde dos consumidores se utilizados em dosagens diferentes das autorizadas e consentidas.
]O leite, com toda a moderna tecnologia no seu processamento e rigorosa fiscalização (???), normas de acondicionamento, validade etc., é agora o vilão, pois descobriu-se que contém conservantes tóxicos e aditivos que mascaram sua vida útil.
O famoso processo UHT, diz o rótulo, garante sua conservação e também, agora, das drogas que lhe são adicionadas.
A solução é comprar uma vaca leiteira ou adotar o uso do leite de soja como substituto desse fundamental alimento que hoje é alvo dessa criminosa adulteração com substâncias altamente nocivas, pois já não sabemos em que confiar.

terça-feira, 6 de novembro de 2007

Faltam condições para competir


"A economia brasileira está vivendo um momento de euforia, e apresenta alguns vistosos indicadores, situação que, segundo a maioria dos analistas, se deve não apenas ao bom trabalho do Governo, baseado em suas políticas conservadoras, como também, em grande parte, ao cenário externo favorável. Entretanto, nem tudo são flores. Relatório do Fórum Econômico Mundial, que acaba de ser divulgado na Europa, e que analisa a economia interna de 131 países nos cinco continentes, mostra que o Brasil, em termos de competitividade – ou seja, de concorrência com outras nações em comércio exterior, produção, infra-estrutura e capacidade de absorção de investimentos, entre outros itens -, perdeu posições no ranking global, de 2006 para este ano. Ocupava o 66º. Lugar, no meio da lista, embora longe de significar uma colocação elogiável, mas recuou para o 72º. posto. Passou para o bloco inferior, o dos países atrasados. Está abaixo dos demais emergentes, como a China, a Rússia e a Índia. Na América Latina, é superado por Chile e México.
As causas desses problemas são bastante conhecidas. O complicador é que não são combatidas com a obstinação e a competência exigidas. Elas começam com a carga de impostos excessivas, das mais pesadas do planeta, e continuam com os juros altos, o emaranhado da burocracia estatal,os gargalos logísticos nos mais diversos setores, o deficiente sistema educacional que não concorre para a elevação do nível da mão-de-obra, a corrupção em repartições governamentais, e por aí afora. São falhas graves, todas elas, que, em sua somatória, outro efeito não provocam se não o de desestimular novos investimentos produtivos no País, principalmente os de origem estrangeira. É verdade. Observe-se que, apesar de tantos obstáculos, o Brasil não está parado. A economia se expande. O crescimento, porém, não se dá em escala compatível com as extraordinárias potencialidades nacionais, estas, sim, entre as maiores do mundo. Com raras exceções, os avanços são discretos. É isso que perpetua a nossa pobreza, o nosso subdesenvolvimento, e retarda indefinidamente o processo de redução das nossas agudas diferenças sociais.
Enquanto a administração federal estiver focada em objetivos pontuais e isolados, esse quadro certamente não mudará. Ele resulta da falta de uma visão estratégica de conjunto, assim como do predomínio de um viés varejista que inibe qualquer ação transformadora de largo alcance. É uma questão de mentalidade errada, aliada ainda a uma prática política arraigadamente fisiológica. Tudo isto é o que nos mantém na rabeira, enquanto os outros países vão em frente. Não há surpresa. Trata-se tão-somente de uma realidade inescapável para quem não se preparou direito para competir, num mundo de disputas cada vez mais árduas. Nele, como nas selvas, vencem os fortes."

domingo, 4 de novembro de 2007

O país perdeu a consciência moral

"Estamos perdidos há muito tempo...
O país perdeu a inteligência e a consciência moral.
Os costumes estão dissolvidos, as consciências em debandada.
Os caracteres corrompidos.
A prática da vida tem por única direção a conveniência.
Não há princípio que não seja desmentido.
Não há instituição que não seja escarnecida.
Ninguém se respeita.
Não há nenhuma solidariedade entre os cidadãos.
Ninguém crê na honestidade dos homens públicos.
Alguns agiotas felizes exploram.
A classe média abate-se progressivamente na imbecilidade e na inércia.
O povo está na miséria.
Os serviços públicos são abandonados a uma rotina dormente.
O Estado é considerado na sua ação fiscal como um ladrão e tratado como um inimigo.
A certeza deste rebaixamento invadiu todas as consciências.
Diz-se por toda a parte, o país está perdido!
Algum opositor do atual governo? “
Não!
Triste coincidência...
(escrito por Eça de Queiroz em 1871)