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domingo, 18 de novembro de 2007

Plantando pessoas (Neiva Pavesi)

Há sessenta milhões de anos um asteróide caiu na Terra, convulsionando-a, e destruiu os dinossauros. Hoje, o asteróide somos nós, os seres humanos, tão inteligentes a ponto de construir naves espaciais e desinteligentes a ponto de provocar o aquecimento global. Cosmicamente, fomos criados para engrandecer tudo com nossa presença; para produzir obras agradáveis que nos proporcionem todas as prosperidades. Por muito tempo a maioria da humanidade andou na contramão de seu destino, amesquinhando e apequenando o mundo. Crises e problemas avolumaram-se a um ponto insustentável e chegamos ao hoje: eis a oportunidade para darmos uma guinada de cento e oitenta graus, abandonarmos a acomodação, a vitimização, e caminharmos na margem certa do rio da vida. Malgrado as decepções, o mundo continua belo.
Felizmente, apesar da violência que campeia, está em gestação a ética inclusiva e a idéia grupal ganha terreno rapidamente. Tudo o que acontece ao nosso redor podemos decodificar como dores do parto que precederá a vinda da luz. Toda a bagunça, a podridão que acontece por aí, são sinais claros de mudanças. Esta é a hora da humanidade organizar-se melhor e estabelecer vínculos solidários entre si; de descobrir que só a união poderá livrar-nos do asteróide que somos.
Há muitos e promissores sinais mostrando a sociedade organizando-se e assumindo suas responsabilidades, se autogerindo, num movimento de baixo para cima. Então, agregue ao discurso inflamado, indignado (com razão), contra a situação vigente, a coragem de mudar o que lhe desagrada. É preciso agir! Falar, por falar, não leva a nada. A palavra de ordem é ação. Procure saber o que a sociedade está produzindo de positivo; informe-se; leia; pesquise (escolha a mídia, claro); agrupe-se. Aja!
Conhece você o trabalho extraordinário que os rotarianos realizam? Além da ação de erradicação da poliomielite infantil no mundo, os clubes de serviço locais trabalham juntos com empresários da construção civil e com o poder público para alfabetizar operários em seus próprios locais de trabalho. Também, nessa linha de ação, otimizam o preparo de professores para enfrentarem o desafio da erradicação do analfabetismo de jovens e adultos no Brasil e no mundo, com seminários sobre alfabetização. Noutro movimento, levam informações aos alunos quanto à escolha de futura profissão. E encaram a educação dentro da realidade de hoje: precisamos de doutores e, também, de bombeiros, bibliotecários, chefes de cozinha, garçons, professores, enfermeiros... Precisamos de ótimos profissionais em todas as áreas técnicas e acadêmicas. A preocupação com a inclusão de pessoas portadoras de necessidades especiais, especialmente visuais, moveu rotarianos na ação de proporcionar-lhes condições de adaptação pessoal, profissional e ao mundo da arte, que remete à sensibilidade. Isto é ação: compartilhar, mostrar o caminho, transformar crises e dificuldades em oportunidades.
Não há como ficar somente no discurso estéril que você tanto condena nos políticos. A palavra sem ação, é morta. Mexa-se. Torne-se mais um na corrente da ação, que diminui as diferenças, a violência, que dá oportunidades, que leva à cultura da paz. Diz um antigo, e atualíssimo, provérbio chinês: “Se sua visão for para vida inteira, plante pessoas”.

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