
Nesse mar lodoso
Cheio de limbo da corrupção
Navega a multidão
São brasileiros novos e velhos
Curvos e mancos
Trabalhadores seculares
Feitos de sonhos e silêncio
Cheia de limbo, as águas viscosas
Brilham no dorso
Sofrido e resignado da multidão
Sobem e descem as águas
Escuras e fétidas
Águas desumanas
Desprendidas de peso e tempo.
Abandonando a todos
Na divina pobreza de madrugadas
Seculares,
de crianças longe de escolas
de tudo.
Crianças e povo com fome e sem nome.