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terça-feira, 30 de setembro de 2008

Religião não se vende em prateleiras (Wagner Ferreira da Silva)

Abraçar uma religião é, segundo dados estatísticos da Pew Global Attitudes Project, mais importante para os países em desenvolvimento do que para as nações prósperas – do ponto de vista econômico. Mesmo assim, enquanto 59% dos norte-americanos crêem que a religião é importante em suas vidas, esse índice é bem menor na Alemanha (21%), França (12%) e Japão (11%).
O Brasil aparece como o segundo país na América Latina que mais cultiva a religiosidade, só perdendo para a Guatemala – 77% contra 80%, respectivamente. Espanta, também, que de cada três italianos apenas um se assuma católico, dado curioso diante da presença do Vaticano na Itália.
Uma rápida análise sociocultural aponta para o crescimento do secularismo. Trata-se de um fenômeno característico da chamada pós-modernidade, na qual a pessoa humana, desconfiada das seguranças científicas afirmadas pelo racionalismo moderno, busca respostas no mundo sobrenatural. Parece que Deus estava dormindo, mas não morto, como afirmavam alguns. Em função disso, contempla-se uma emergência espiritual, acompanhada, segundo alguns sociólogos da religião, do mercantilismo religioso: a religião considerada produto.
Neste mercado das crenças, compreende-se o trânsito religioso, uma vez que nem sempre essa ou aquela religião consegue atender às necessidades imediatas da pessoa. Nas prateleiras do mercado religioso, tudo o que for soft é bem-vindo, atrairá mais clientes. Caso o cliente não se satisfaça, basta mudar para outra religião. Sem cairmos na tentação de absolutizar o fenômeno, é como se a crença estivesse condicionada ao efeito rápido, como o de um medicamento.
Será que o desenvolvimento econômico, implicado também nas conquistas científicas das famosas mutações genéticas, tem conseguido transformar a religião em ópio do povo? Sem culpabilizarmos quem quer que seja, esse mercado religioso – que se vale do marketing do é pra já – tem se aproveitado da fragilidade de pessoas interessadas em buscar segurança em um mundo de rápidas mudanças.
Se antes a religião entrava na vida de uma pessoa pela fidelização cultural e familiar, hoje é por opção. Quantas pessoas se dizem católicas porque foram batizadas, mas não sabem o que é freqüentar a missa aos domingos ou mesmo recorrer a Deus através da oração? Alguns sequer entendem o significado da fé cristã. O que fazer, então?
A resposta para o catolicismo está na evangelização. Cada vez mais percebemos que, ao ser realmente evangelizado, o fiel apresenta uma impressionante qualidade de vida cristã, acompanhada do testemunho da fé. A partir do momento que ele entende Quem é o Caminho, a Verdade e a Vida, também a consciência sobre seu papel no tecido social é transformada.
O interesse da Igreja Católica, apesar do fenômeno secularista e da emergência daqueles que buscam na religião respostas imediatas para os problemas do cotidiano, é que todos alcancem a salvação em Cristo Jesus. Para isso, importante não é o número, não é entrar na competitividade do mercado religioso, mas formar na fé discípulos e missionários de Jesus. Afinal, Ele teve 12 apóstolos para levar Sua Palavra ao mundo todo.

domingo, 28 de setembro de 2008

Lembranças

"A vida do ser humano é dotada de alegrias, tristezas, lembranças e recordações, e momentos felizes que são sempre lembrados no convívio familiar. Num certo dia de faxina geral em casa, deparei com uma pequena caixa envernizada, um tanto antiga, com uma pequena fechadura, porém sem a devida chave; comecei a separar documentos amarelados pelo tempo, recortes de jornais, mensagens enviadas através de cartas, fotos, até cartões de lojas que não existem mais, enfim uma série de lembranças que um dia fizeram parte da minha vida; continuo guardando, talvez para mostrar para meus netos.
Porém, o que mais me impressionou foi uma aliança comum de ferro, um tanto escura pelo tempo. Separei para verificar melhor. Terminada a fase de recordações e lembranças que o tempo deixou, fui para a pia da cozinha, e, com um preparado, fui polindo aquela pequena aliança, a sujeira do tempo foi ficando na flanela e aos poucos ela foi se tornando muito bonita, e com um dizeres em sua volta – “dei ouro para o bem do Brasil – 1964”.
Fiquei surpreendido e logo lembrei-me dessa fase triste do nosso País. Eu, ainda jovem, com meus 15 anos, já havia feito algo, talvez inocente ou não, para o bem da Pátria; jovem e cheio de esperança, um dia na minha vida acreditei em seus governantes e políticos, porém, tive uma grande desilusão e, se não fosse com o meu trabalho, não teria constituído minha família e vivido dignamente.
Com a aliança na palma da mão, muitas lembranças passaram na minha memória. Tive muitas desilusões nesses 44 anos que se passaram. Vivemos num país corrupto, miserável, sem assistência médica, muitas CPIs que não deram em nada, escândalos e mais escândalos, lavagem de dinheiro, enfim, qual foi o valor desse sacrifício, não só meu, mas de milhares de brasileiros que deram sua pequena contribuição na esperança de um dia ver um país melhor e decente?"

sexta-feira, 26 de setembro de 2008

Turbulências e Desavenças (Joanna de Angelis)

“Inegavelmente esta é uma época de turbulências generalizadas ... O planeta sofre nas suas entranhas, adaptando suas placas tectônicas, eliminando magma, liberando forças telúricas, sofrendo o aquecimento global, padecendo o choque das correntes oceânicas e atmosféricas. Entretanto, esse fenômeno vem-se prolongando desde priscas eras, trabalhando em favor do ajustamento das suas condições de habitabilidade, em relação à sociedade feliz do futuro."
“De igual maneira, os mais diferentes segmentos que constituem a sociedade terrestre, na política, na religião, nas raças, na cultura, nas investigações científicas e nas escolas de pensamento, sofrem turbulências que predominam em toda a parte, gerando conflitos e propondo vivências, agressividade, insubordinação. Não há respeito pelos direitos humanos e a criatura tornou-se objeto de fácil manipulação, dependendo das circunstâncias e do preço que lhe são impostos. Os valores éticos em contestação, neste momento, cedem lugar à corrupção moral, econômica, social, como efeito dos desafios que tomam conta das mentes e dos sentimentos, no trânsito existencial!... É natural, portanto, que as criaturas - células da organização emocional - sejam as causas dos transtornos que se expandem nestes dias de turbulência emocional, moral e espiritual. Alcançados pelo ser humano, níveis antes inimagináveis de cultura, de ciência e de tecnologia, o processo de iluminação pessoal, no entanto, não chegou aos mesmos patamares, proporcionando, em conseqüência, o choque entre o conhecimento e a emoção, as comodidades pessoais de que desfrutam alguns e os seus sentimentos morais.
De um lado, o stress defluente da busca desenfreada do poder, na sua multiface; por outro, o tédio, a exaustão dos sentidos em razão do gozo exagerado, têm produzido as legiões de insatisfeitos, traumatizados uns e revoltados outros, que tombam nas turbulências responsáveis pelo estado lamentável em que se demoram, assim dando vazão aos inumeráveis conflitos de que se fazem portadores. Muita falta faz, na atualidade, a vivência dos ensinamentos cristãos, não obstante as incontáveis denominações religiosas que se derivam do pensamento inicial de Jesus, filhas, porém do orgulho, das dissensões, dos interesses subalternos de indivíduos e de grupos, ofuscando a claridade e a profundidade do amor ao próximo como a si mesmo, do perdão incondicional, que devem ser regras de saudável conduta, assim como o dever de cada qual melhorar-se incessantemente... Comenta-se a vida do Mestre e decanta-se a excelência da Sua Majestade, porém, com os lábios, tendo-O longe do coração, sem aplicação sincera dos Seus ensinamentos na conduta pessoal. Repontam, cruéis, como efeito, as turbulências e as desavenças, por nónadas, por caprichos infantis e enfermiços, ameaçando as estruturas da sociedade e as obras de dignificação humana. Aos afetos de um dia, porque logo passam, desde que são fixações apaixonadas e não sentimentos profundos, em mecanismos de transferência psicológicos dos conflitos em predomínio, concede-se tudo, enquanto que aos que se apresentam antipáticos ou não se submetem ao talante desses poderosos da mentira, considerados inimigos reais ou imaginários, nada se lhes oferece, porque parecem representar-lhes perigo iminente. As desavenças procedem dos atavismos inferiores, decorrentes do largo processo da evolução antropológica, das heranças da luta pela sobrevivência, da vitória dos espécimes mais fortes em relação aos menos resistentes... Igualmente, as animosidades ressumam de recordações inditosas de reencarnações transatas, que deixaram ressaibos de amargura no comportamento ou de conflitos de inferioridade que são preservados, gerando sentimentos inamistosos e perversas desavenças. A maledicência, por sua vez, a calúnia e a infâmia, igualmente trabalham fatores reativos que dão origem às desavenças, ao tempo em que as vitalizam e preservam por tempo indeterminado. Ao lado desses fenômenos da personalidade, nunca esquecer-se de que espíritos infelizes que se comprazem em criar situações perturbadoras, inimigos de ontem ou de hoje, estimulam os conflitos entre os indivíduos, inspiram-lhes suspeitas absurdas, fixam-lhes as idéias morbosas, estimulando as dissensões e a destruição da fraternidade em relação aos demais companheiros de jornada. Não têm sido poucas as calamidades terrestres que foram engendradas no mundo espiritual inferior, em face da sintonia dos seres humanos com essas mentes obsessivas, que se facultam o direito de infligir sofrimentos desordenadamente, até o momento em que as Divinas Leis convocam-nas ao renascimento no mundo físico em injunções penosas e aflitivas. Tem cuidado com as desavenças, não te tornando instrumento delas! Resguarda-te das informações infelizes e liberta-te das suspeitas injustificáveis que te levam a reagir, quando deverias agir com tolerância e compreensão fraternal. As pessoas são conforme conseguem, e de igual maneira como não tens podido domar as tuas más inclinações, também elas não se podem modificar de um para o outro dia. Racionaliza as ocorrências desagradáveis que te alcançam e não acumules mágoas, como quem coleciona tesouros valiosos, pois que os seus miasmas terminam por enfrentar-te em face das cargas tóxicas de que se fazem portadoras. Não receies competidores na tua órbita de realizações. Ninguém consegue anular valores autênticos, nem tomar nada de outrem, exceto o que lhe é devido, e apenas isso... Não sejas fator de turbulência, de perturbação, de desavenças na esfera de ação em que operas. Não censures o ausente responsável pelo teu mal-estar, gerando inquietação e desrespeito, dando lugar a comentários desairosos. Aproveita o desafio para vencer-te, para dulcificar-te, para seres feliz. Distende tua imensa ternura, desarmando-te de prevenções, e nada de mal te acontecerá. Turbulências dão lugar a desastres calamitosos e desavenças propiciam batalhas igualmente prejudiciais que se alongam por tempo indeterminado. Tenta compreender o teu irmão do qual tens cismas e concede-te a bondade para com ele, como o Senhor da Vida o faz em relação à tua condição de espírito em luta para tornar-se melhor. Quando te ressumem do inconsciente as vibrações geradoras de desavenças, ora e acalma-te, certo de que superarás a situação delicada. Discorda, quando se fizer preciso, mas não te desavenhas nunca. O escândalo é necessário, mas ai daquele que é o seu responsável - afirmou o Mestre incorruptível. Nada fica oculto - é a Lei Divina. Assim, os maus, os desonestos, os corruptos, os traidores, os infiéis, serão desnudados no momento próprio ao impacto da luz da Verdade. Quanto a ti, fomenta a paz, aconselha, orienta e permanece amigo de todos. As pessoas, todas elas, são necessárias, embora ninguém seja indispensável nem insubstituível, mas também não são inúteis. E, se por acaso, alguém se te apresenta na condição de inimigo, permanece tranqüilo, porque o conflito é dele, nunca, porém, tornando-te inimigo de quem quer que seja.”

quarta-feira, 24 de setembro de 2008

O tempo que resta (Flávio Viegas Amoreira)

Um filme ou livro que nos redimem do desencanto são chaves que carregamos sempre para confrontação com as sombras: lembro ter assistido O Tempo que resta, de François Ozon, por quatro vezes e em DVD ele se torna fita de cabeceira. Admiro a civilização francesa que trata do tema fundamental que o capitalismo e a futilidade tentam driblar: a morte. Uma trama simples, enredo conciso: fotógrafo no auge da beleza (franceses conseguem ser concomitantemente belos e profundos), ligado ao mundo fashion e gay Cult, descobre ter dois meses de vida: o mundo não desaba, ele se liga ao essencial que passava despercebido e se integra ao mais divino elemento natural: o oceano, o mar tão uterino, símbolo reflexo do infinito. Transponho o drama íntimo do personagem para o mundo em que vivemos: explosão demográfica em países miseráveis, a ausência descarada de medidas que evitem o apocalipse ambiental que bate à porta e a glamourização da estupidez com ares de pretensa sofisticação. Enquanto o planeta pede socorro, a China se americaniza implodindo milenar sabedoria com os excessos do luxo, a América está mais preocupada com torrar petróleo do que com efeito-estufa, enquanto no Brasil a burguesia emergente revive tardiamente hábitos caretíssimos: já que não lê ou pensa, diverte-se entre festas de debutantes ou degustação de vinho como escape substitutivo do seu vazio e decadência intelectual. Nunca me passou pela cabeça que jovens urbanos fossem se ligar em música sertaneja. A vida inteligente se fecha em guetos, a solidão cultural e espiritual serão fardos kármico para aqueles que ainda pensam, interagem cosmicamente e não seguem o rebanho em direção à manada do mercado e da artificialidade. Diante do inevitável desaparecimento pessoal ou coletivo, mais que nunca devemos agir, encantar o momento, vivenciar paraísos terrenos e fazer do cotidiano a utopicamente real poetização da existência. Uma das cenas mais fortes em O tempo que resta é a despedida entre protagonista e a avó espiritualmente sofisticada: Jeanne Moreau encarna todo ceticismo e resignação com uma sociedade tão desumanizada e convencional.
Inesquecível a célebre entrevista que essa admirável Jean Moreau fez com a já então centenária diva do cinema mudo Lilian Gish: perguntando à atriz americana qual melhor legado que deixaria para um filho ou a qualquer jovem querido, essa deu resposta antológica: “A melhor herança é curiosidade, interesse profundo”. Desanima ver que a leitura dos jornais tornou-se hábito para adultos, profissionais liberais sem nenhum conteúdo além de suas especialidades e uma geração que cresce despolitizada, sem compaixão social e inebriada pela ascensão material. Cultura é a libido da alma: enquanto fixados na superfície do besteirol, os alienados ou reacionários travestidos de descolados tornam-se impotentes diante das verdades eternas: viver como aprendizado ao desenlace, o desapego, a elevação através da arte como religião laica, a observação do espetáculo que o horizonte no crepúsculo apresenta como metáfora do adeus... Para um libertário confesso, desprovido de preconceitos, já que todo preconceito é burro, só ela mesma, a burrice ornada de falso brilhante, ainda incomoda. Assistir O tempo que resta me comove como ler Dostoievski fechando o belíssimo conto Noites Brancas: “Um minuto inteiro de felicidade! Mas não é o bastante para toda uma vida de um homem?”
Persisto retendo o instante, questionando o fugaz.
Apesar da descrença na redenção, existe reposição de estoque: ainda surgem anjos que iluminam o tempo que resta... esses que nos movem fazendo amanhecer por dentro.

sexta-feira, 19 de setembro de 2008

Eu Sou assim...


"Coisa mais difícil é ser o que somos, obviamente porque para começo de conversa não sabemos o que somos. O que conhecemos do que somos normalmente é apenas uma soma de identificações que acumulamos sofregamente para ter o que possamos reconhecer. Um é carrancudo e diz para si mesmo que é assim que ele é, “sou o que sou”. Mas pesquisemos e quase sempre se verá esse aspecto como uma reação apenas. Um dia quando criança precisou ser carrancudo porque lhe parecia que sua sobrevivência dependia disto e assim continua usando uma resposta que um dia foi boa mas que agora muitas vezes não é útil mais, servindo apenas como uma identificação. E por aí com quaisquer traços que observo em mim. Todo traço teve sua história, eu sou apenas o conjunto desses traços? Eu (ego) sim, mas está claro que um não é apenas o ego que lhe aparece diante do espelho do olhar alheio. E coisa triste é quando um acha que é apenas suas identificações, sem perceber que há um espaço em si que lhe é desconhecido e que reserva formas de ser desconhecidas, desconhecidas, desconhecidas. E para se ir agregando o desconhecido e aumentando a consciência é preciso algumas coisas. Por exemplo, é preciso ter confiança que no fundo ser humano vale a pena. Se não confio nisso prefiro viver numa personalidade que é limitada mas pelo menos é adaptada, tem tido o sucesso que este mundo proclama como tal. Neste caso a busca pela honesta verdade do que se é não acontece de modo algum, pois o que é se torna o que foi inventado de saída! Então não somos seres interessados na verdade? Definitivamente não. O que interessa aos seres dessa espécie é a segurança, é o se sentir seguro, mesmo que precariamente, dolorosamente. O personagem Nietzche no livro “Quando Nietzche Chorou” fala a Breuer: “Atinge-se a verdade através da descrença e do ceticismo, e não do desejo infantil de que algo seja de certa forma. O desejo de seu paciente de estar nas mãos de Deus não é a verdade. É simplesmente um desejo infantil, e nada mais! É um desejo de não morrer, um desejo do eterno mamilo intumescido que chamamos de Deus” Ernest Becker no maravilhoso livro “A Negação da Morte” cita José Ortega e Gasset: Examine as pessoas a seu redor e você… as ouvirá falar em termos precisos a respeito de si mesmas e de seu meio, o que poderia parecer indicar terem elas idéias sobre o assunto. Mas, ponha-se a analisar tais idéias e verificará que nem de longe refletem de alguma maneira a realidade à qual aparentemente se referem, e se você se aprofundar descobrirá que nem há sequer uma tentativa de ajustar essas idéias à realidade. Bem pelo contrário: por meio desses conceitos o indivíduo está tentando cortar qualquer possibilidade de visão pessoal da realidade, de sua própria vida. Pois a vida é no começo um caos no qual a pessoa se acha perdida. O indivíduo desconfia disto, porém tem medo de ver-se face a face com tão terrível realidade e procura ocultá-la com uma cortina de fantasia, onde tudo está claro. Não o preocupa se suas idéias são verdadeiras, pois ele as emprega como trincheiras para a defesa de sua existência, como espantalhos para afugentar a realidade. Voltando a Nietzche (personagem do livro de Irvin Yalom): “Não é a verdade que é sagrada, mas a procura de nossa própria verdade! Uma de minhas sentenças de granito é: ‘torna-te quem tu és’! E como descobrir quem e o que se é sem a verdade?” E de volta a Ernest Becker: “Dizer que alguém é anal significa que está tentando, com exagero, proteger-se dos acidentes da vida e do perigo da morte, buscando empregar os símbolos da cultura como um meio seguro de triunfar sobre o mistério natural, procurando fazer-se passar por qualquer outra coisa que não um animal. (…) O que perturba na analidade é ela evidenciar que toda a cultura, todos os estilos de vida criativos do homem são, fundamentalmente, um protesto inventado contra a realidade natural, uma negação da verdade da condição humana e um esforço para esquecer a criatura patética que o homem é”.

Uou! Parece que é daí que um tem que começar quando quiser dizer com um mínimo de honestidade: é assim que eu sou!"

quarta-feira, 17 de setembro de 2008

O chato (Alcindo Gonçalves)


“Todo mundo conhece um chato. Melhor dizendo: conhece vários e vários chatos. A chatice é marca registrada da espécie humana e está presente em todos os lugares e classes sociais. Ninguém escapa de tropeçar diariamente em uma pessoa chata, que aborrece, cansa e irrita.
Há vários tipos de chato. O mais comum é o inconveniente, que não tem noção de local ou de momento. Insiste em chegar nas horas mais inapropriadas, não percebe que está atrapalhando, e fica, horas a fio, ocupando o seu precioso tempo. Chega de repente, não percebe o que você faz, muito menos a importância ou a urgência das suas tarefas atuais. Não tem o famoso “desconfiômetro” a que se refere a sabedoria popular.
Em geral o chato fala sem parar. Pior: ele é auto-centrado, e só sua conversa, idéias e histórias têm valor e interesse. Nunca ouve ninguém por muito tempo, interrompe o que você fala, não presta atenção em nada. Aluga os seus ouvidos, seja pessoalmente, seja pelo telefone. E em tempos de Internet, é aquele que adora enviar – e encher sua caixa postal – de mensagens inúteis e cretinas, repletas de arquivos gigantescos, com vídeos e Power Points tão coloridos quanto bobos.
O chato não tem graça alguma. Mas, sabe Deus por quê, acha-se o mais engraçado dos seres sobre a Terra. Conta piadas horríveis, histórias sem pé nem cabeça, mas compraz-se em rir muito, ao mesmo tempo em que se considera sempre o máximo, certo de que faz o maior sucesso possível.
O chato homem é um conquistador barato. Sua técnica de conquista é básica e repetitiva: canta todas as mulheres possíveis, com a lábia mais simplista e por vezes cafajeste. De novo, não se intimida nem se envergonha nas situações mais constrangedoras. Segue em frente, como se nada tivesse acontecido, pronto a repetir as técnicas mais deploráveis de sedução.
Há chatos na família, no trabalho, na escola. Consideram-se amigos e companheiros, prontos a dar um conselho salvador. Sempre têm a solução mágica, o caminho perfeito. Já viveram toda sorte de situação na vida, e sabem o remédio e a mandinga possíveis, sem pestanejar. Gostam de dar palpite na vida alheia, mesmo quando ninguém pede ou quer.
É verdade que não há um padrão único e completo de chatice. A bem da verdade, ela depende do referencial de cada um.Talvez quem reclame da chatice alheia seja ele próprio um chato rematado. E acusar os outros de chato é sempre fácil e conveniente para descartar quem pensa ou age diferente. Um bom exemplo disso é o caso dos chamados eco-chatos. Militantes na defesa intransigente do meio ambiente, incomodam e perturbam. Desclassificá-los sumariamente acaba por ser um jeito fácil de tentar anular a sua ação.
Mas, apesar de tudo, há, sim, muita gente chata, que nasce, cresce e morre assim. A sabedoria do maestro Gilberto Mendes, do alto de seus 85 anos, é certeira. Outro dia ouvi um comentário seu, perfeito. Não é correto dizer que os velhos ficam chatos com a idade. Na verdade, a chatice sempre existiu nessas pessoas: chato jovem, chato velho. Poupe-nos deles, Senhor.”

segunda-feira, 15 de setembro de 2008

Governo Lula


“Parafraseando alguém, eu diria que, decididamente, este é o País da frase pronta. A então ministra Marta Suplicy, quando da tormentosa crise aérea, se dirigiu aos sôfregos passageiros com o indefectível “relaxa e goza”. Mais recentemente, face à crise institucional decorrente das escutas telefônicas clandestinas, o ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional, general Jorge Félix, sugeriu “não abrir a boca” e o ministro da Justiça, Tarso Genro, no mesmo diapasão, aconselhou a “falar ao telefone com a presunção de que alguém está escutando”. Em outros enfrentamentos de crises, os governantes planaltinos optaram por instigar que, anacronicamente, o “sofá fosse retirado da sala”.
E o presidente Lula, como se comporta? Ele, reconhecidamente dotado de impecável verbomania, um impagável autor de verdadeiras pérolas vernaculares, um verborrágico inconseqüente e destemperado por natureza, vem a público, para, no afã de se cotejar politicamente com o projeto do governador Serra que proíbe o fumo em lugar fechado, delibera desafiar o programa de saúde pública de seu próprio governo, vociferando:”Eu defendo, na verdade, o uso do fumo em qualquer lugar. Só fuma quem é viciado”.
O presidente, fiel à sua tradição maniqueísta, individualista e autoritária, ignora sensatas campanhas desencadeadas contra o tabagismo onde coibir o fumo significa proteger a pessoa e as famílias, asseverando, em alto e bom tom, que “na minha sala mando eu”, ignorando, propositadamente, lei federal versando sobre o tema, em vigor há 12 anos. O presidente, outra vez, age com uma leviandade atroz ao tratar de um assunto de saúde pública, ignorando, por oportunismo político (Serra é candidato à Presidência da República), seu magistral índice de popularidade e capacidade portentosa de agregação.
Aonde vamos parar com tantos desvarios?”

quinta-feira, 11 de setembro de 2008

A falta de compreensão

O ser humano levado pela imaturidade que lhe faz companhia desde tempos imemoriais, acostumou-se a tudo querer sob a ótica do imediatismo, ao sabor da sua vontade, sem paciência para esperar que as coisas aconteçam no momento adequado, sem observar que a natureza não dá saltos, e que tudo está preestabelecido pelas sábias Leis que regulam o universo.
De certa forma essa atitude do homem, pode ser explicada não só pela sua imaturidade, como também pela ausência de amor em seu estado presente, o que não lhe faculta uma melhor visão da vida em seus múltiplos aspectos, pois é o amor que ilumina e harmoniza a criatura, é a alma da felicidade que preenche todos os vazios e aspirações do ser humano.
As pessoas carentes e perturbadas pela febre das posses externas acreditam que a felicidade reside na sucessão das glórias que o poder faculta e nos recursos que amealha. Ledo equívoco, por que o tormento da posse aflige e impulsiona a sua vítima a metas cada vez mais desmedidas, tornando sua existência numa busca desenfreada para possuir cada vez mais, não refletindo que a felicidade independe do que se tem momentaneamente, mas sim daquilo que se é, estruturalmente constituído pelo amor, sem necessidades de gestos grandiosos, manifestando-se nos pequeninos acontecimentos e situações naquele que o abriga.
Esta compreensão que o amor propicia conduz à solidariedade nos momentos difíceis, nas grandes dores, na solidão, na amargura que periodicamente aflige todas as criaturas, e que enquanto a pessoa não experimenta o suave envolvimento do amor, vive movimentando-se nas heranças dos desejos, nas teias dos instintos, sofrendo sempre quando os seus interesses não se encontram atendidos e suas aspirações não são correspondidas.
Preciso se faz ao homem entender que nos localizamos no contexto universal, e nossa tarefa essencial é a de auto-iluminação, que logo se desdobra em serviço a favor do progresso próprio e do seu semelhante, mediante a consideração pela ordem, não a violando, nem a submetendo aos caprichos e desejos que lhe predominam no mundo íntimo.
Alimentada pela seiva nutriente do amor, desenvolve-se no indivíduo os demais sentimentos da compaixão e da ternura, da caridade e do perdão, que são as partituras que mantêm as belas, suaves e harmoniosas melodias da vida.
Quanto mais se ama, mais nos inundamos de bênçãos alcançando as demais criaturas e envolvendo tudo a nossa volta, tornando-nos mais sadios, alegres, otimistas, sem preocupação doentia de possuir nada além do necessário para o nosso conforto e manutenção, entendendo definitivamente que os bens materiais não são capazes de nos fornecerem felicidade por mais que os tenhamos em abundância.
(José Francisco Costa Rebouças)

quarta-feira, 10 de setembro de 2008

Nossos erros


segunda-feira, 8 de setembro de 2008

Vide bula


Vamos falar aqui sobre a validade da bula que acompanha os medicamentos.
Já na caixa está uma orientação para que saibamos tudo sobre o medicamento, lendo a bula interna e que o medicamento deve ficar fora do alcance das crianças.
Dentro, um papel impresso dobrado (geralmente em oito vezes) com “todas” as instruções sobre o produto, tais como – composição, indicações, riscos medicamentosos, advertências, modo de uso, efeitos colaterais etc; isso na secção de “Informações ao Paciente”.
Já nesta secção ficamos alarmados com o poder “destruidor” da substância, a qual pode causar sérios danos a todos os órgãos e, em raros casos, levar o paciente a óbito.
Ficamos sabendo que o uso continuado pode causar efeitos adversos e que o médico deve ser cientificado na ocorrência de qualquer sintoma descrito.
Aí pensamos – “O médico não nos disse nada sobre isso – apenas nos perguntou se éramos alérgicos à substância x, o que não sabíamos, pois nunca havíamos ingeridos tal coisa”.
A outra parte da bula (mais extensa) é dedicada aos profissionais da saúde, repetindo tudo e utilizando expressões científicas que só os médicos entendem.
Daí a primeira pergunta: se é o paciente quem compra o remédio e o utiliza, por que informações técnicas aos profissionais da saúde, que já conhecem o medicamento e sabem das suas implicações e complicações quando receberam amostras grátis e literatura específica dos representantes farmacêuticos?
Será que não seria bom levar a bula para o médico ler, antes de tomarmos e ver se está tudo bem?
Há quem diga – “Se você ler a bula, não toma”. Interessante é que o médico prescreveu o medicamento com sua denominação e orientou para tomá-lo X vezes aos dia e mais: com uma letra quase ilegível, incompreensível para nós, pobres pacientes. A propósito, até farmácias ligam para o médico confirmando a denominação correta.
Quanto mais lemos a bula, mais apreensivos ficamos com os riscos que estaremos correndo ao utilizar um produto tão perigoso. E, sabedores disso, quaisquer sintomas descritos na bula já nos apavorarão, especialmente os impressionáveis e hipocondríacos.
No entanto, entendemos que o laboratório cerca-se de todas as precauções e, informando o paciente dos riscos, estará a salvo de uma eventual ação judicial por danos físicos.
Portanto, a bula deveria ser mais objetiva, dirigida ao usuário do produto, em linguagem direta, aliás, como parece determinar a legislação sobre o assunto.
E aos profissionais da saúde seriam fornecidas as especificações técnicas relativas à composição, indicações e interações medicamentosas, que não são do entendimento do paciente usuário.
Resumindo, nos parece que o recado é claro:”Não diga que não avisamos. O risco é todo seu.” Ler ou não ler a bula, eis a questão. (Lindolfo Pires Valdívia)

sexta-feira, 5 de setembro de 2008

Pornografia

“As histórias e os filmes eróticos ou pornográficos são piores do que comida suja e contaminada. O corpo possui defesas para livrar-se de alimentos insalubres. Com algumas poucas exceções que causariam a morte, a comida estragada irá apenas fazê-los passar mal; porém, não causam danos permanentes. Por outro lado, uma pessoa que se alimenta de histórias sujas e filmes e literatura pornográfica ou erótica, grava-as neste maravilhoso sistema de arquivos chamado cérebro. O cérebro não vomitará a imundície. Uma vez registrada, permanecerá para sempre sujeita à lembrança, enviando à mente flashes de suas imagens pervertidas e desviando-os das coisas saudáveis da vida.”
Um dos ensinamentos mais memoráveis de Jesus aplica-se a pessoas que estão secretamente envolvidas com pornografia.
“Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas! pois que limpais o exterior do copo e do prato, mas o interior está cheio de rapina e de iniqüidade. Fariseu cego! limpa primeiro o interior do copo e do prato, para que também o exterior fique limpo.” (Mateus 23:25–26; também Alma 60:23.)
Jesus prossegue Sua denúncia daqueles que tratam o que é visível, mas negligenciam a limpeza do ser humano interior: “Sois semelhantes aos sepulcros caiados, que por fora realmente parecem formosos, mas interiormente estão cheios de ossos de mortos e de toda a imundícia. Assim também vós exteriormente pareceis justos aos homens, mas interiormente estais cheios de hipocrisia e de iniqüidade.” (Mateus 23:27–28)
As conseqüências espirituais imediatas de tal hipocrisia são devastadoras. Os que buscam e usam a pornografia perdem o poder de seu sacerdócio. Deus declarou que: “Quando nos propomos a encobrir nossos pecados (...) eis que os céus se afastam; o Espírito de Deus se magoa e, quando se afasta, amém para o sacerdócio ou a autoridade desse homem”. (D&C 121:37)
Os que olham, praticam ou lêem pornografia também perdem a companhia do Espírito. A pornografia produz fantasias que destroem a espiritualidade. “A inclinação da carne é morte” — morte espiritual. (Romanos 8:6; também 2 Néfi 9:39.)
As escrituras ensinam repetidamente que o Espírito de Deus não habitará em um tabernáculo impuro. Ao partilharmos dignamente do sacramento temos a promessa de que podemos “ter sempre [conosco] o seu Espírito”. A fim de nos qualificarmos a essa promessa fizemos o convênio de “recordá-lo sempre”. (D&C 20:77) Os que procuram e usam a pornografia como estímulo sexual obviamente violam esse convênio. Eles também violam o sagrado convênio de abster-se de práticas ímpias e impuras e não podem ter o Espírito de Deus com eles. Tais pessoas precisam dar ouvidos ao apelo do Apóstolo Pedro: “Arrepende-te, pois, dessa iniqüidade e ora a Deus, para que porventura te seja perdoado o pensamento do teu coração”. (Atos 8:22)
Não estou falando dos efeitos da pornografia na saúde mental nem no comportamento criminoso. Estou falando de seus efeitos na espiritualidade — em nossa capacidade de termos a companhia do Espírito de Deus e em nossa habilidade em exercer o poder de uma vida reta.
A pornografia também causa danos terríveis em nossos relacionamentos pessoais mais preciosos. A pornografia “tem o efeito de ferir o íntimo do coração e da alma, sufocando a vida de um relacionamento”.
A pornografia prejudica a capacidade de alguém desfrutar um relacionamento emocional, romântico e espiritual com uma pessoa do sexo oposto. Ela corrói as barreiras que estão erguidas contra o comportamento impróprio, anormal ou ilegal. À medida que a consciência perde a sensibilidade, os usuários de pornografia são levados a representar aquilo que testemunharam, a despeito de seus efeitos em sua vida e na vida de outros.
A pornografia também induz ao vício. Ela prejudica a habilidade de se tomar decisões e “amarra” seus usuários, fazendo com que voltem obsessivamente para mais e mais.
Alguns procuram justificar sua tolerância argumentando que só vêem coisas não muito pornográficas e não pornografia pesada. Chamo isso de recusar-se a ver o mal como mal. É procurar justificar suas escolhas dos programas a que assistir com comparações como “não é tão ruim quanto” ou “apenas uma cena pesada”. Mas a prova do que é mal não está no grau, mas no efeito. Quando as pessoas nutrem pensamentos malignos tempo bastante para que o Espírito se afaste, elas perdem a proteção espiritual e ficam sujeitas ao poder e à orientação do mal. Quando elas usam a Internet ou outro tipo de pornografia é como “excitação à vista”, elas ficam profundamente manchadas pelo pecado.
O grande sermão do rei Benjamim descreve as terríveis conseqüências. Quando nos afastamos do Espírito de Deus, tornamo-nos inimigos da retidão, sentimos claramente a nossa culpa e “[recuamos] diante da presença do Senhor”. (Ver Mosias 2:36–38.) “A misericórdia não tem direitos sobre esse homem; portanto sua condenação final é padecer um tormento sem fim.” (vers. 39)
Consideremos o trágico exemplo do rei Davi. Apesar de ser um gigante espiritual em Israel, ele se permitiu olhar para algo que não deveria ter visto. (Ver II Samuel 11.) Tentado pelo que vira, violou dois dos Dez Mandamentos de Deus, começando com “Não adulterarás”. (Êxodo 20:14) Dessa maneira o rei-profeta perdeu sua exaltação. (Ver D&C 132:39.)
Mas a boa notícia é que ninguém precisa seguir o caminho do mal que leva ao tormento. Todos apanhados nessa terrível escada rolante possuem a chave para reverter seu curso. Ele pode escapar. Através do arrependimento ele pode ficar limpo.
Alma, filho de Alma, descreveu isso:
“Sim, lembrei-me de todos os meus pecados e iniqüidades, pelos quais me vi atormentado com as penas do inferno .(...)
(...) A simples idéia de entrar na presença de meu Deus atormentava-me a alma com inexprimível horror. (...)
E aconteceu que enquanto eu estava sendo assim atormentado e enquanto eu estava perturbado pela lembrança de tantos pecados, eis que me lembrei também de ter ouvido meu pai profetizar ao povo sobre a vinda de um Jesus Cristo, um Filho de Deus, para expiar os pecados do mundo.
Ora, tendo fixado a mente nesse pensamento, clamei em meu coração: Ó Jesus, tu que és Filho de Deus, tem misericórdia de mim que estou no fel da amargura e rodeado pelas eternas correntes da morte.
E então, eis que quando pensei isto, já não me lembrei de minhas dores; sim, já não fui atormentado pela lembrança de meus pecados.
E oh! Que alegria e que luz maravilhosa contemplei! Sim, minha alma encheu-se de tanta alegria quanta havia sido minha dor.” (Alma 36:13–14, 17–20)
Para não continuar a ser capturado por esse vício ou perturbado por essa tentação: existe um caminho.
Primeiro, reconhecer o mal. Não o defender nem tentar justificar-se.
Segundo, buscar a ajuda de Deus e de Seus servos. Ouvir e dar ouvidos a estas palavras:
“Suplique ao Senhor do fundo de sua alma para que Ele remova de você o vício que o escraviza. E tenha a coragem de procurar a amorosa orientação de seu mentor e, se necessário, o conselho de profissionais atenciosos.”
Terceiro, fazer tudo o que puder para evitar a pornografia.
Se algum dia encontrar-se diante dela — o que pode acontecer a qualquer um no mundo em que vivemos — seguir o exemplo de José do Egito. Quando a tentação o prendeu com suas garras, ele fugiu da tentação e “saiu para fora”. (Gênesis 39:12)
Não se conformar com nenhum grau de tentação. Prevenir-se contra o pecado e evitar ter que lidar com sua destruição inevitável. Então, desligá-la! Olhar para o outro lado! Evitá-la a todo custo. Voltar seus pensamentos para caminhos edificantes.
Precisamos também agir de modo a proteger aqueles a quem amamos. Os pais instalam alarmes que alertam caso a casa seja ameaçada por fumaça ou pelo monóxido de carbono. Devemos instalar também proteções contra ameaças espirituais, proteções como filtros para conexão à Internet e em locais de acesso para que outros possam ver o que for assistido. E deveríamos também, edificar a força espiritual de nossa família, por meio de relacionamentos amorosos, orações em família e estudo das escrituras.
Por fim, não sejam condescendentes com a pornografia. Não usem seu poder de compra para apoiar a degradação moral. E moças, entendam que caso não se vistam com recato, vocês estarão aumentando esse problema, tornando-se pornografia para alguns dos homens que olharem para vocês.
Dêem ouvidos a essas advertências. Melhoremos nosso comportamento pessoal e redobremos nossos esforços para proteger nossos entes queridos e nosso meio da investida da pornografia que ameaça nossa espiritualidade, nosso casamento e nossos filhos.

quinta-feira, 4 de setembro de 2008

Traição. Que Preocupação Terrível! (Afrodite)

“Tenho lido por aí textos exaltando a infidelidade dos homens. Nenhum homem é fiel. Todos traem. É tudo questão de tempo. Faz parte da natureza deles. São todos uns putões. Homem não mistura sexo com amor. E coisas assim.
Ao mesmo tempo também tenho lido sobre traição feminina e como as traidoras são chamadas de vagabundas e coisas do tipo.
Na verdade, todos esses textos servem para mostrar não os preconceitos e mágoas a respeito das
traições. E sim, as fragilidades de cada um e os medos.
Vou escrever agora uma coisa que pode chocá-los. Mesmo havendo esta diferença básica de como os homens encaram o sexo separado do sentimentos com mais facilidade que as mulheres, e mesmo as mulheres sendo capazes de encarar sexo sem sentimentos tanto quanto os homens, homens e mulheres são absolutamente iguais em relação a fidelidade e traição.
Não há diferença entre homens e mulheres quanto aos desejos de ter um relacionamento estável, satisfatório sexual e afetivamente. Todo mundo quer ser feliz igual basicamente. De preferência com um parceiro apenas. “Aquele ser especial que a gente passa vida inteira procurando” e parece que nascemos com essa necessidade intrínseca de achar.
E quando encontramos nosso par, a tendência é de se ficar com ele e ser fiel. Seja homem ou mulher. E enquanto aquele par preencher nossas necessidades de sexo e afeto, não procuraremos outra pessoa. Não há traição.
Traições são exceções. O perfil do traidor ou traidora contumaz mostra alguém com uma necessidade fora do normal, que não consegue ser satisfeita com uma relação que satisfaz a maioria. É como o se o traidor fosse um poço sem fundo que uma relação dita “saudável”, nos padrões mais comuns de nossa sociedade não o preenchem. Por isso esse apetite excessivo.
É diferente de uma pessoa numa relação que já não tem suas necessidades de afeto e sexo satisfeitas. Por isso eu coloco dois tipos de perfil de traição: o traidor recorrente e o acidental.
Acredito que o medo da maioria das pessoas é pela traição acidental.
Você está feliz num relacionamento, tem sua namorada ou marido e acha que está tudo bem e de repente descobre que foi traído porque seu parceiro se interessou por outra pessoa. Esse interesse só aconteceu porque algo não estava tão bem assim como você imaginava. Ou por outro lado, você tem seu parceiro ou parceira e se vê de repente com tesão por outra pessoa e é pego de surpresa porque achava que era feliz até então.
Quem está num relacionamento e se vê interessado por outra pessoa que não seu parceiro pode ter certeza que tem um problema para resolver em primeiro lugar com o próprio parceiro.
Antes de tudo a pergunta a se fazer é: eu amo meu parceiro(a)? Quero investir nessa relação? Se a resposta for sim, é hora de sentar e conversar sério. Se necessário procurar ajuda de profissionais, como
terapeutas de casal. Reavaliar todo o relacionamento e se reavaliar e se tratar. Partir para terapia individual também, se necessário.
Se a resposta for “não”. Então o negócio é acabar o relacionamento antes de maiores sofrimentos e desgastes.
Nunca, em hipótese alguma se deve falar para o parceiro que o traiu. Isso é um ato extremamente egoísta e cruel. Confessar uma traição só serve para aliviar a consciência do traidor e causar mal ao traído. Quem trai deve estar preparado para levar a traição para o túmulo. Este é o peso de trair. Nunca falar para o seu parceiro que o traiu. O mal, o sofrimento que causar esta confissão não se justifica. Se quiser confessar para alguém, confesse para um terapeuta. Nunca queira impingir este tipo de sofrimento ao seu parceiro ou parceira. Quando a gente confessa algo é só para nos sentirmos bem, e com isso machucamos quem não merece. Não seja egoísta nem leviano.
Bem, exposto que todos estamos propensos a sermos traídos quando nossas relações não satisfazem nossos parceiros, o que fazer?
Eu encaro esta realidade da mesma forma como encaro o fato que todos vamos morrer um dia. Existem verdades absolutas na vida das quais não podemos fugir. Fingir que isso não existe é loucura, criancice. Eu estou sujeita a ser traída tanto quanto estou sujeita a trair: isso é um fato. O fato é que todos procuramos relações satisfatórias afetivas e sexuais.
Não há o que se fazer em relação a tudo isso. Assim a saída é sermos o mais fiéis possíveis a nós mesmos. Resumindo: eu vou tocando minha vida sendo eu mesma, respeitando meus valores, buscando minha felicidade, sendo autêntica. Quando percebo que algo não está bom, conserto. Numa jornada para uma vida cada vez mais feliz e satisfatória.”

terça-feira, 2 de setembro de 2008

A Lealdade ignorada

Uma das mais belas qualidades humanas é a lealdade. Quanta grandeza em saber reconhecer um benefício com gestos de fidelidade. Mas não é isso o que vemos sempre pelo Mundo. Muito pelo contrário. O mais freqüente é encontrarmos por toda parte o desamor como pagamento àqueles que estendem a mão em auxílio ao próximo. Quantas vezes vemos amizades e famílias desfeitas, boas lembranças esquecidas. Tudo em nome da deslealdade, que nada mais é do que uma forma de ingratidão. Assim, vale a pena refletirmos sobre a natureza do que é desleal. Quem agiria assim? Quem seria capaz de pagar um benefício com uma traição? E por que razão faria isso? Vamos responder por partes. Desleal costuma ser a maior parte da Humanidade em algum momento da vida. Dificílimo é encontrar alguém que sempre age corretamente, que pauta seus atos pela extrema correção, em todas as ocasiões. Por outro lado, as razões que levam à deslealdade são sempre baseadas no egoísmo. O egoísta não se preocupa com o bem-estar do outro. Para ele, seus interesses vêm em primeiro lugar. Por isso, o egoísta não se envergonha em atraiçoar aquele que lhe estendeu mão amiga. Movido por interesses financeiros, por orgulho ou vaidade, não hesita em dar as costas para um amigo ou um ser querido. E o que é alvo de um gesto de deslealdade - o que deve fazer? Antes de tudo cabe não julgar. O desleal é alguém doente. Não um doente do corpo, mas um doente da alma, a quem nos cabe perdoar. Perdoar? Sim, perdoar. Costumamos afastar de nosso dia-a-dia a prática do perdão. Falamos tanto em perdão e enaltecemos seu valor na hora da provação. Mas, basta que alguém nos fira, para imediatamente esquecermos tudo o que costumamos falar sobre a necessidade de perdoar o próximo. É uma conveniência. Assim, diante da deslealdade, recordemos Jesus, que nos ensina a não resistir ao mal. É o Cristo que nos convida a pagar o mal com o bem, a oferecer a outra face, a perdoar constantemente. O valor do perdão é maior quanto mais grave é a deslealdade. Quando o desleal é uma alma querida, a quem sempre oferecemos o melhor em termos de amizade. Uma fórmula preciosa para esses instantes é recorrer à prece. A oração balsamiza a alma, acalma o coração, ilumina os dias. Se o coração do que é agredido está sereno, ele está liberto. E o outro? Ah, a questão não é mais entre um e outro. A questão é entre Deus e cada um de nós. O outro? A questão é entre ele e Deus. De nossa parte, devemos nos preocupar única e exclusivamente com a nossa consciência perante as Leis Divinas. Se estamos em paz, tudo está bem. Isto, acredite, é também um exercício de desapego. Não contabilizar benefícios faz parte da essência da verdadeira caridade. Se fizermos um bem a alguém, devemos fazê-lo por amor a Deus, pelo prazer de ser bom, pela alegria de ver os outros felizes. Fazer o bem simplesmente, sem esperar recompensa, sem aguardar retribuição. É difícil seguir, sim é difícil. Ser traído, ignorado, não ser reconhecido, enfim... tentar reverter o quadro, dar volta por cima!!! Dar amor apesar de tudo, és uma arte, sabedoria!!! Até onde? Por amor, ser amor e conseguir ter o amor. Deus nos dá!!!! Viva aos ingratos, os maus amados, que eles realmente tenham sabedoria para saborear a verdadeira dádiva de ser feliz!