
O Brasil aparece como o segundo país na América Latina que mais cultiva a religiosidade, só perdendo para a Guatemala – 77% contra 80%, respectivamente. Espanta, também, que de cada três italianos apenas um se assuma católico, dado curioso diante da presença do Vaticano na Itália.
Uma rápida análise sociocultural aponta para o crescimento do secularismo. Trata-se de um fenômeno característico da chamada pós-modernidade, na qual a pessoa humana, desconfiada das seguranças científicas afirmadas pelo racionalismo moderno, busca respostas no mundo sobrenatural. Parece que Deus estava dormindo, mas não morto, como afirmavam alguns. Em função disso, contempla-se uma emergência espiritual, acompanhada, segundo alguns sociólogos da religião, do mercantilismo religioso: a religião considerada produto.
Neste mercado das crenças, compreende-se o trânsito religioso, uma vez que nem sempre essa ou aquela religião consegue atender às necessidades imediatas da pessoa. Nas prateleiras do mercado religioso, tudo o que for soft é bem-vindo, atrairá mais clientes. Caso o cliente não se satisfaça, basta mudar para outra religião. Sem cairmos na tentação de absolutizar o fenômeno, é como se a crença estivesse condicionada ao efeito rápido, como o de um medicamento.
Será que o desenvolvimento econômico, implicado também nas conquistas científicas das famosas mutações genéticas, tem conseguido transformar a religião em ópio do povo? Sem culpabilizarmos quem quer que seja, esse mercado religioso – que se vale do marketing do é pra já – tem se aproveitado da fragilidade de pessoas interessadas em buscar segurança em um mundo de rápidas mudanças.
Se antes a religião entrava na vida de uma pessoa pela fidelização cultural e familiar, hoje é por opção. Quantas pessoas se dizem católicas porque foram batizadas, mas não sabem o que é freqüentar a missa aos domingos ou mesmo recorrer a Deus através da oração? Alguns sequer entendem o significado da fé cristã. O que fazer, então?
A resposta para o catolicismo está na evangelização. Cada vez mais percebemos que, ao ser realmente evangelizado, o fiel apresenta uma impressionante qualidade de vida cristã, acompanhada do testemunho da fé. A partir do momento que ele entende Quem é o Caminho, a Verdade e a Vida, também a consciência sobre seu papel no tecido social é transformada.
O interesse da Igreja Católica, apesar do fenômeno secularista e da emergência daqueles que buscam na religião respostas imediatas para os problemas do cotidiano, é que todos alcancem a salvação em Cristo Jesus. Para isso, importante não é o número, não é entrar na competitividade do mercado religioso, mas formar na fé discípulos e missionários de Jesus. Afinal, Ele teve 12 apóstolos para levar Sua Palavra ao mundo todo.