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sábado, 31 de outubro de 2009

Você realmente conhece a importância da “água”?

Vivemos tão atarefados conosco mesmo que passa desapercebido muitas questões importantíssimas do próprio ser humano, seu físico, seus desenvolvimento, suas características, o funcionamento dos órgãos, e tantas outras colocações sobre o próprio homem e sua existência, sua origem e seus destinos.
As civilizações e as culturas sociais forçaram o homem a buscar fora de si, nas coisas exteriores, a sua realização pessoal, a satisfação de seus psiquismos e a resposta de todas as inquietações pessoais, desde alegrias até os seus próprios fracassos como se o homem realmente possa ser medido e dimensionado externamente.
Ao buscar tanto a sua complementaridade do lado de fora de si mesmo, o homem cada vez mais foi perdendo a sua verdadeira identidade que tem origem não aqui na Terra, mas de uma substância máter, ou matéria primordial ou do que chamamos também de “o grande oceano” que não teve inicio ou mesmo terá fim.
Logo, estarei escrevendo sobre o homem simbiótico, mas este assunto é tão grande, vasto, que fico imaginando uma forma simplificada de expor a questão sem ter que descer às minúcias e detalhes que tornaria difícil e demorado o entendimento.
Assim, creio eu que melhor colocar algumas questões em textos já escritos e passados por pesquisadores anteriormente, para que concatenando alguns pontos apenas, possam todos ter uma idéia macro, mesmo que ainda assim incompleta, sobre as principais interligações do ser humano, seja físico ou espiritual, como desejam sempre separar nas culturas, mas que serve para o entendimento mais primário traçar os primeiros passos.
Sem dúvida nenhuma a ciência que é a uma base importante para o desenvolvimento e evolução do homem tem realizado experimentos e descobertas incríveis e extraordinárias nas ultimas cinco décadas, a despeito do endurecimento humano comum neste mesmo período. Mas uma nova luz, ou luzes sempre devem ser acrescidas para que este homem atual possa acrescentar em sua mente, posto que a evolução em si não é um processo automático, mas depende em grande parte do que nós mesmos fazemos por aqui.
O próprio homem é o seu limite, afinal, ele mesmo se limita em vida acreditando apenas no que “acha” que é verdadeiro e real, e nesta medida, sua mente não pode avançar.
Seja física ou espiritualmente só se vai a lugares e pontos mais elevados que cada um pode ao menos imaginar, e imagem que se pode formar mentalmente é a forma que limita o homem. Não creio mesmo que mentalmente haja limites para o indivíduo, mas há limites que o indivíduo impõe a si mesmo, daí porque somente alguns conseguem vislumbrar equações da matemática, da física, da música, das filosofias, mesmo que sejam somente abstratas e mentais.
É por esta razão das limitações das mentes que se diz, os sábios, que o homem é um ser ignorante, mas não neste sentido pejorativo, mas no sentido de que ele realmente “ignora” tudo aquilo que ele ainda não conhece e faz questão que assim continue.
Ignorar é limitar os seus próprios pensamentos, e assim fazendo, deixa de haver evolução no sentido mais amplo.
Tudo está sempre em evolução, como ensina o esoterismo, e também a ciência, mas individualmente nem todos estão evoluindo. Se de um lado tivemos como exemplo Einstein lendo e estudando os compêndios “A Doutrina Secreta” de HPB e mesmo que tenha afirmado que não conseguia compreender muito do relativismo ali descrito, reputou a obra como realmente grandiosa e foi além ao freqüentar estudos místicos com Yogananda nos EUA por alguns anos, ocasião em que conheceu e conviveu com um extraordinário teólogo brasileiro, Huberto Rohden, que o chegou a descrevê-lo em uma de suas obras. De outro lado temos o homem “ignorante” que não faz nenhum esforço para compreender os grandes mistérios da vida e do Universo, de Deus ou o Criador.
Tanto faz quem só crê no Criacionismo ou somente no Evolucionismo, tudo está em marcha constante para frente e para o alto, apenas muitos homens com seus limites mentais se colocam para trás e para baixo o tempo todo, moldados por uma anti-cultura limitativa.
Separar o homem, sua vida em duas partes, sendo uma a origem mística e espiritual de outra parte como sendo a sua vida material é uma das anti-culturas mais limitadoras de uma grande compreensão e evolução.
Não posso ainda compreender como se pretende evoluir as civilizações sem que antes o homem conheça mais profundamente as suas próprias origens e destinos, suas ligações e inter-dependências cósmicas, sua verdadeira natureza evolutiva e seus verdadeiros destinos cósmicos.
Por sua ignorância divina o homem atual tende a “involuir” e a demonstração clara está na sua forma atual de viver, com incongruências extremadas, com guerras econômicas, com a destruição da natureza, com o consumo e esgotamento de todos os recursos naturais, com a poluição ocasionada pela super-industrialização e mesmo assim incentivando as populações para maior crescimento do consumo.
Se neste momento a civilização é “ignorante” em todos os sentidos mais abstratos, então resta esperarmos que a ciência promova a abertura das mentes, já que ela como elemento de estudo e base aceita hoje como material é a única possível de impedir a auto-destruição humana.
No mais, nem que Jesus, O Cristo, surgisse de novo para nos alertar, os homens nem sequer dariam o seu reconhecimento, e estariam mesmo mais preocupados com as oscilações das bolsas de valores.
A seguir segue um texto publicado na net e extraído de um livro escrito há mais de trinta anos atrás. Veja que nada é novo, apenas que preferimos sempre “ignorar” pois achamos que está além dos nossos limites mentais e que isto não terá qualquer influência em nossas vidas.
Ignorância e tolice é uma combinação mortal, como veremos num futuro breve.
Tenho sempre enfatizado que estamos ligados a tudo e a todos, como, aliás, está escrito no testamento cristão e com outras palavras em todas as religiões:
“Do pó viestes e ao pó retornarás”
A água é um dos quatro elementos básicos que dão sustentação a toda a vida no Planeta, e o próprio homem é constituído quase que totalmente de água. Conhecer e estudar a natureza da água e suas moléculas é uma base importantíssima para que a civilização possa prosseguir convivendo no Planeta em simbiose com todos os demais reinos.
( Atama Moriya)

quinta-feira, 29 de outubro de 2009

Motoqueiros


Rua movimentada. Trânsito parado em razão de um semáforo fechado. Vários carros enfileirados à espera da abertura do sinal. De repente, ouve-se uma buzina estridente à retaguarda. Não é possível identificar bem a origem. Pode ser uma ambulância aflita, ou alguém tentando chamar a atenção de algum conhecido?
Nada disso. O semáforo abre, os automóveis seguem. E eis que, súbito, surge uma moto a ultrapassar os veículos pela direita. O motoqueiro, colérico e enraivecido, grita, xinga, faz um gesto obsceno. O motorista, é claro, é a vítima, o responsável, o destinatário da fúria.
Num primeiro momento o motorista leva um susto. Fica sem ação, a pensar no que teria ele feito para provocar tal atitude. Às vezes, de fato, por distração, existe descuido ou imperícia no trânsito. Poderia ter sido este o caso? Analisando a situação acima: afinal, que poderia ter sido feito, o motorista cercado de carros por todos os lados, com um semáforo fechado à frente? Mover-se sobre a guia lateral, numa manobra que apenas se justificaria se atrás estivesse um carro de polícia ou ambulância?
Não, definitivamente, não há culpa alguma. É para concluir que o motoqueiro é um idiota, um cretino. Mas ele passa rápido e não existe tempo para revidar os xingamentos. Na verdade, talvez não se deve mesmo fazer isso: o tempo das disputas e ataques pertence ao faroeste, e não ao nosso civilizado século XXI.
Este fato não ocorre uma única vez, mas várias vezes. Quem dirige automóvel pode testemunhar a respeito, e contar histórias semelhantes, ou muito piores e mais graves. A princípio, vamos ser justos: não são só os motoqueiros que assim agem. Há motoristas de belos carros, inclusive do sexo feminino, que seguem pelas ruas e avenidas histéricos e agitados, a cortar, a costurar e a bradar contra os outros que os impedem de praticar toda sorte de absurdos.
Afinal de contas, o que se passa com as pessoas no trânsito das grandes cidades? Ao volante sentem-se poderosas e capazes de tudo. Exercitam seu poder, indiferentes às regras, aos outros. O estresse causado pelos congestionamentos agrava ainda mais a irritação diária. E o resultado é a agressividade constante, os palavrões e gestos como rotina nas vias públicas.
Convenhamos, porém, que os motoqueiros abusam mesmo. Não vou generalizar para evitar injustiças. Certamente há motos que, disciplinadas e ordeiras, respeitam as leis de trânsito. Seriam então os motoboys, aqueles que vivem de entregas rápidas, pressionados por horários e patrões, tendo que cumprir jornadas estafantes, os únicos responsáveis por esse quadro?
Não creio. O idiota que xinga na maioria das vezes não é um motoboy. Ao contrário, às vezes está sobre uma moto reluzente, de última geração. Mas sente-se o dono da rua, o dono do mundo. No banco de sua máquina, é o todo poderoso: nada pode ou deve detê-lo. O que fazer, então? Resignar-se esta horda de gente incivil, responsável por toda sorte de acidentes, nos quais eles acabam por ser tragicamente e parte mais frágil?
Eis aí um bom problema para nossas autoridades de trânsito, que precisa ser enfrentado. As motos são modernas, ótimas e práticas, e devem existir. Mas não à margem da lei, como muitas fazem hoje.
(Baseado em texto de Alcindo Gonçalves)

terça-feira, 27 de outubro de 2009

Invenção demoníaca (Dráuzio Varella)


"Desconfio que Satanás inventou o e-mail só para me infernizar. Desde que caí nessa armadilha criada pelo Maligno com o objetivo precípuo de transformar minha existência num vale de dívidas eternas, vivo sufocado pelas mensagens que chegam feito nuvens de gafanhotos.
Anos atrás, embasbacado com essa ousadia da informática que jurava simplificar a rotina, acabar com cartas, selos, rolos de fax e com o tempo desperdiçado ao telefone, além de colocar em rede a humanidade inteira, atirei-me em seus braços com determinação.
Suportei com galhardia os dissabores das horas noturnas de trabalho extra anteriormente destinadas ao lazer e ao convívio familiar. O ganho de rendimento e a sensação de viver "online" com o mundo valiam o sacrifício.
Por meio do e-mail podia discutir os casos de meus pacientes, conversar com escritores, ter acesso a pessoas que jamais teria conhecido em outras circunstâncias e manter contato com amigos que não tenho tempo de ver.
Com o passar dos anos, o correio eletrônico melhorou a performance e acelerou meu ritmo de trabalho com tanta fúria que se tornou imprescindível. Com o celular no bolso e a tela do computador à frente eu me sentia Clark Kent pronto para virar Super-Homem, assim que a ocasião se apresentasse.
Como eu, milhões de incautos embarcaram de corpo e alma nessa trama do Coisa Ruim, e a popularização trouxe a banalização, sua companheira inseparável.
Basta um conhecido receber um desses malditos textos musicados ou uma gracinha qualquer, e você ter o infortúnio de fazer parte da lista de vítimas preferidas dele, pronto: é mais uma bobagem para ler, no meio dos assuntos sérios. Como não é fácil adivinhar o conteúdo do arquivo recebido sem abri-lo, você fica tamborilando na mesa enquanto aguarda aqueles bites inúteis se materializarem na tela.
E a publicidade que chega em massa com promessas incríveis, como as de aumentar o tamanho de seu pênis, de revitalizá-lo com medicamentos e aparelhos e de fazer da sua a mais feliz das mulheres.
A face mais cruel dessa praga escravocrata, entretanto, vem à tona quando alguém exclama com ar de contrariedade:
- Você não recebeu o meu e-mail?
Ao ouvir essa pergunta sou invadido pelas culpas somadas de todos os judeus que passaram pelo mundo, dos cristãos diante de Jesus crucificado e de todas as mulheres que tiveram filhos.Meu Deus, como pude deixar de ver o tal e-mail? Devo ser vagabundo, irresponsável e incapaz de acompanhar a velocidade dos dias modernos. Se meu pai voltasse à vida, morreria de vergonha.
No início, até que os atrasos para esvaziar minha caixa de entrada eram razoáveis: um assunto menos importante, uma resposta que podia esperar ou um recado que ficava dois ou três dias sem ser lido; nada que tomasse muito tempo para colocar em ordem.
Com o passar dos anos, no entanto, os tentáculos desse polvo eletrônico me enlaçaram até a asfixia. Minha caixa de entrada virou calamidade pública.
Na semana passada, trabalhei até tarde todos os dias. Chegar em casa às dez da noite, tomar banho, jantar e ir para o computador. Não é tarefa alvissareira para quem acorda às 6h.
Apesar de haver respondido algumas mensagens durante os dias da semana, domingo havia 128 à espreita para me enlouquecer. Respondi quase 40 e deixei as demais para os dias seguintes.
Não é fácil abrir o computador no meio da correria diária, mas imbuído dos melhores princípios cristãos fiz o que pude: consegui me livrar de 20 ou 30 por dia.Adiantou? É como navegar contra a maré em canoa furada: no fim de semana seguinte havia 132.
Por isso, quero pedir desculpas a meus credores; procurei ser bom filho, bom pai, bom marido e cidadão cumpridor dos deveres, mas, antes de perder a razão, decidi comunicar-lhes que meu e-mail entrou em concordata por tempo indeterminado.
Ele poderá argumentar que sou mal-agradecido, que sem ele não teria conseguido escrever livros nem fazer metade do que fiz. Estou de acordo, mas prefiro passar por ingrato e até por mau-caráter do que acabar no hospício.
Além do mais, quem ele pensa que é? Meu patrão? Acha que passei a vida estudando para acabar escravo?
Lamento o inconveniente, mas não estou em condições psicológicas de prever a duração da atual concordata. A julgar pelo estado de espírito em que me encontro, não descarto a possibilidade de que no final dela venha a ser decretada a falência."


Este artigo faz uma perfeita análise da utilização predadora do e-mail, que pode conduzir à servidão, ao desespero e a ansiedade neurótica. A falência decretada ao e-mail certamente possibilitará um retorno ao convívio humano equilibrado, apesar das imperfeições do cotidiano.

Se o e-mail desvairado foi rotulado de "anticristo" lembramos que ele tem um irmão batizado de "celular" e que está totalmente descaracterizado de suas funções originais: comunicações pertinentes, rápidas e precisas. A utilização esquizofrênica é um desrespeito aos limites e privacidades individuais, favorecendo acidentes de trânsito, criação de uma absurda arrogância e cumpre o enunciado de que "nunca, neste País falou-se tanta futilidade desde o advento deste que poderia ser um poderoso instrumento de comunicação".

segunda-feira, 26 de outubro de 2009

Idoso, quando tudo parece conspirar (Dado Moura)

Todos têm algo para oferecer, independentemente da idade. As crianças, ainda que não cooperem com sua força física, contribuem com a alegria em uma casa. E com o passar dos dias, os nossos pequenos irão fazer novas descobertas, adquirindo uma nova percepção a respeito do mundo. Após alguns anos, eles passarão pela puberdade, entrarão na vida adulta e, pouco a pouco, a presença deles se tornará mais participativa na sociedade.
No ciclo da vida, como todas as coisas, aquelas crianças, que um dia encantaram a família com sua destreza, também vão adentrar na terceira fase da vida e já não chamarão mais a atenção como antes. Por terem se tornado pessoas “velhas”, nem o conhecimento absorvido ao longo dos anos as tirará do “exílio” social.
“Vivemos numa sociedade utilitarista, na qual aquele que não produz parece não ter direito de participação. E, assim, a importância da pessoa mais vivida, experiente, para a sociedade começa a se inverter. Dessa forma, por conta de de mais um aniversário, o censo transfere alguém, que antes pertencia ao quadro das estatísticas dos indivíduos economicamente ativos, para o quadro da população improdutivas.
A parcela mais insensata da sociedade acredita de que a presença dos idosos em lugares públicos esteja “roubando” a vez de alguém que tem uma agenda repleta de compromissos; a lentidão dos seus passos, mesmo que eles [os idosos] tentem caminhar um pouco mais rápido, parece ainda obstruir a passagem nas calçadas. Para essas pessoas, ao se depararem com a debilidade de nossos velhos, realizando uma atividade simples como de atravessar uma rua, já os condenam à morte social.
Por mais importante que seja o que eles têm a falar, poucos se detêm para ouvi-los. Pois, invariavelmente, em meio à conversa, a memória, já não tão eficaz, faz com que repitam o mesmo assunto várias vezes ou se percam em meio ao raciocínio… Tudo parece conspirar contra aqueles que já viveram mais da metade dos anos de seu ciclo de vida. O peso dos anos coopera para que seus olhos já não enxerguem tão bem, mesmo com a ajuda de óculos e as doenças já não são curadas com a mesma rapidez com que aparecem… Como se tudo isso não fosse o suficiente, qualquer coisa que façam parece estar errado diante do mundo.
Sabemos que, como consequência natural do tempo, o envelhecimento faz todas as pessoas sofrerem com a deterioração da saúde. Todavia, não precisamos retirar ou diminuir a dignidade daqueles que abriram e facilitaram o nosso acesso para um mundo melhor. Fazer uma sociedade mais justa para os mais idosos é um compromisso que exige de cada um de nós a coragem de derrubar os padrões estereotipados, os quais classificam o valor de uma pessoa na eficiência e na sua vitalidade física.”

quinta-feira, 22 de outubro de 2009

Planos


"Plano de alienação
Reality para entreter
A novela é escrita
A ignorância em evolução
O povo é coadjuvante
Aderiu à repressão

Plano de saúde
O pobre a espera
Tantos por cento ofertados
Do governo, uma atitude
Para impressionar
O pobre que se cuide!

Plano de igualdade
A Constituição ratificou
Rico e pobre, um paradoxo
Ao negro, liberdade
O povo elegeu o líder
Abandonou a comunidade

Plano de paz
O homem se contradiz
Ignorar não funciona
A guerra resolve mais
Medalha ao vencedor
Matou pelo bem dos demais

Plano de liberdade
“Sim”, disse a criança
Pondo as armas no chão
Anulando a desigualdade
Mas a criança cresceu
E o homem constrói a grade."

terça-feira, 20 de outubro de 2009

Os espertos


Diariamente os usuários de Internet são alvo dos mais diversos golpes através de e-mails maliciosos, contendo arquivos anexados, alguns bem arquitetados, com o objetivo de provocar a curiosidade. O internauta incauto que clicar no arquivo permite que um programa “assaltante” seja instalado em seu computador e a partir daí vai capturar senhas de acesso a bancos.
Ultimamente um e-mail é enviado com um sugestivo título: “Nossas fotos no motel”, “Essas fotos são para você se lembrar de mim”. É claro que não existe nenhuma foto, e sim um arquivo que invade o seu computador. Outro tipo de e-mail é o que informa que existe uma soma de milhões de dólares deixada por uma pessoa que morreu com toda sua família. O emitente do e-mail faz proposta para que a vítima assuma ser herdeiro e reivindique o dinheiro, que será “repartido entre nós”, diz ele. Facilidade para ser milionário igual a esta proposta, não existe igual, certo?
A mente e o instinto criminoso fazem parte do ser humano. Desde que o mundo é mundo, a transgressão existe. E é evidente que os criminosos utilizam as ferramentas disponíveis para atacar, roubar, enganar. Não é surpresa, portanto, que a Internet, hoje meio utilizado por milhões de pessoas, inclusive para transações financeiras, seja um alvo privilegiado, e de difícil monitoramento ou controle.
O surpreendente de tudo isto é a facilidade como muitas pessoas caem no “conto do vigário”, usando uma antiga expressão. Apesar de todos os alertas que são repetidos à exaustão, pessoas são enganadas através do celular, das falsas ligações telefônicas e dos e-mails. E há indivíduo que ainda é presa fácil de artimanhas tão antigas e conhecidas como o famoso golpe do “bilhete premiado”.
A história do “bilhete premiado” é emblemática. Por que alguém, abordado por uma pessoa na rua, que nunca viu ou conhece, acredita e dá dinheiro em troca de algo que não existe? O golpista tem lá sua dose de competência e “conversa”, sem dúvida. Mas não é só isso: na maioria dos golpes, inclusive nos casos cibernéticos, a verdade é que a vítima vislumbra a oportunidade do ganho fácil, e não hesita.
O criminoso é esperto o suficiente para sempre despertar a cobiça e a curiosidade da vítima. E esta é facilmente enganada pela história ou na mensagem: nessa luta de espertos e malandros, ganha sempre o criminoso.
O melhor caminho a ser seguido é o de deixar de lado a esperteza e parar de sonhar com vantagens e lucros que cairiam do céu.

sábado, 17 de outubro de 2009

A morte não está nem aí para nós (Arnaldo Jabor)


Depois de certa idade, começamos a pensar na morte. Meu avô me disse uma vez: "Acho triste morrer, seu Arnaldinho, porque nunca mais vou ver a Avenida Rio Branco..." Isso me emocionou, pois ele ia diariamente ao centro da cidade, onde tomava um refresco de coco na Casa Simpatia, depois passava na Colombo, comprava goiabada cascão, queijo de Minas, e voltava para casa, de terno branco e sapato bicolor. Entendo meu avozinho, porque o morto fica desatualizado logo, logo. As notícias vão rolar e eu nada saberei. Haverá crises mundiais, filmes que estréiam, músicas lindas, e eu ficarei lá embaixo, sem saber das novidades. "Como morrer num dia assim, com um sol assim, num céu assim?" — cantou Olavo Bilac. Como ficar por fora das artes, da política, das doces fofocas?
O Drauzio Varella acaba de escrever um livro, que sairá brevemente, onde ele conta suas experiências no contato com a morte em sua profissão de cancerologista. No livro, vemos que a morte é variada. Não há uma só morte. Há um menu de mortes. As mortes são vividas de mil maneiras, ou melhor, não se vive a morte, óbvio, pois o que há são os últimos minutos no furo da tragédia, no olho do fim. Filosofar sobre a morte não dá em nada.
A morte não está nem aí para nós. Ela nos ignora, ignora nossos méritos, nossas obras. Ela é simples, uma mutação da matéria que pouco se lixa para nós. Só nos resta viver da melhor maneira possível até o fim. Há muitos anos, pegou fogo no edifício Joelma em São Paulo, torrando dezenas. Até hoje eu me lembro da foto em cores de um homem de terno, pastinha James Bond, agachado numa janela do vigésimo andar, com o fogo às costas. Seu rosto mostrava dúvida: O que é melhor para mim? Morrer queimado ou me jogar? Ele se jogou.
Às vezes, quando tenho vontade de morrer, penso: E vou perder o espetáculo da vida? Por exemplo, escrevo agora diante do mar da Bahia. Vou deixar esse grande céu azul colado no grande mar azul que bate em pedras negras há milhões de anos, com o sol se afogando no horizonte? Vou sair dessa eternidade para ir aonde? Daí, penso: já estamos na eternidade, o universo “é” a eternidade e viver é ter o infinito privilégio de ver Deus, que está entranhado em tudo. Sei que o "viver" humano é doloroso por ser um "exílio", por termos perdido a simbiose com a natureza, perdido a paz dos pássaros, macacos e peixes. Mas, apesar dessa dor do exílio — que nos deu a linguagem (essa maravilhosa anomalia) — temos a chance de ver o universo de fora, estando dentro. Parafraseando Cézanne, somos a consciência do universo que se pensa em nós. A gente acha que verá Deus quando morrer. Essa é a grande burrice; Deus é isso aí, bichos, Deus está nos telescópios, Deus é o hidrogênio que está em toda parte. Deus não está no universo; Deus é o universo. Deus não está em nós; Deus é "nós". Viver é ver Deus, ali, na galáxia e no orgasmo, no buraco negro e no coração batendo. Mas, como a vida é em geral uma bosta social e política, no deserto do Iraque ou na miséria carioca, imaginamos que Ele esteja em outro lugar. Não. Está aqui, escrevendo comigo, movendo meus dedos, espelhando o mar da Bahia em meus olhos cansados. (Santo Deus, como a boneca está filosófica, hoje...)
Por isso, quando me penso morto, eu, o único que não irei ao meu enterro, tremo de pena de mim mesmo. Deixarei de ver, para ser natureza cega.
Por exemplo, acho triste a lagoa azul e roxa no fim da tarde e eu longe, sem ver nada. Como? O jazz tocando num piano-bar e eu ausente? Não terei saudades de grandes amores, megashows do mundo de hoje, excessivo e incessante. Não. Debaixo da terra, terei saudade de irrelevâncias essenciais para mim, terei saudades de algumas tardes nubladas de domingo que só o carioca percebe, quando fica tudo parado, com os urubus dormindo na perna do vento, com o radinho do porteiro ouvindo o jogo, terei saudades do cafezinho, de beiras de botequins, do uisquinho ao cair da tarde em Ipanema — minha morte é carioca.
Terei saudades dos raros instantes sem medo ou culpa, de momentos de felicidade sem motivo que sentia ao ouvir, digamos, "Sophisticated Lady", no sopro arfante do sax de Ben Webster e com Billie Holiday, mas não terei saudades do excesso de sangue e de notícias, nada do mundo febril, só quietudes, Erik Satie, João Gilberto, Matisse, Rimbaud, João Cabral, "Cantando na chuva", terei saudades de Fred Astaire dançando "Begin the beguine" com Eleanor Powell felizes para sempre dentro do universo onde estamos, nada de grandes prazeres globais, só calmarias, "Deus e o Diabo", "Oito e meio", Pina Bausch, o silêncio entre amigos na paz de um bar, papos de cinéfilo, risos proletários e camaradagem de subúrbio, Lapa, Avenida Paulista de noite, a chacona da Partita em Ré-Menor de Bach, Francis Ponge, que também amava o irrisório, o samba com o clima de amor que nos envolve nas rodas pobres, Noel Rosa, pernas cruzadas de mulheres lindas e inatingíveis, terrenos baldios do subúrbio antigo, Paris (claro), uma corrida de Zizinho com a bola quando entendi a grande arte que Pelé depois recriou, o tremor de medo e desejo da mulher na hora do amor, a timidez, a delicadeza, a compaixão, a súbita alegria de uma vitória, a frágil lua nova, Borges, Eça de Queiroz, um fecho de ouro de orquestra ou de poema, o prazer da arte, Fellini, Chaplin, Shakespeare e Tintoretto em Veneza para sempre, terei saudades do odor de madressilvas, da fome de amor entre os jovens, da simpatia, do desejo nos rostos e do Brasil, claro, do meu Brasil.
O Drauzio me falou uma vez sobre duas mortes: súbita ou lenta. Você, frágil leitor, qual delas prefere? O súbito apagar do abajur lilás, num ataque cardíaco, ou o lento esvair da vida, sumindo com morfina? Eu queria morrer como o velho Zorba, o grego, em pé, na janela, olhando a paisagem iluminada pelo sol da manhã. E, como ele, dando um berro de despedida.

quarta-feira, 14 de outubro de 2009

Favelas: uma rotina de perigos

“Felizmente não houve vítimas fatais nem feridos graves no violento incêndio que destruiu no domingo de 11/10/2009 mais de 300 barracos na favela do Jaguaré, em São Paulo – uma ocorrência que as cenas mostradas pela televisão autorizavam pensar num saldo trágico, para além das perdas materiais sofridas pelos moradores do lugar, e que, para muitos deles, foram totais. Não obstante, vale mais uma vez chamar a atenção para o problema da favelização das nossas cidades, que não para de aumentar, e principalmente para a extrema precariedade desses núcleos miseráveis, onde o cotidiano das famílias constitui um penoso exercício de sobrevivência, quando não, até, uma aventura perigosa. Neste incêndio da favela do Jaguaré, talvez em razão de o fogo ter começado ainda com dia claro, não houve mortes a lamentar; as pessoas tiveram condições de por-se a salvo, mas poderia ter sido diferente. Ressalte-se que, no caso, embora habitada por 1.300 famílias, nem se tratava da maior favela paulistana. Outras a superam em larga medida, naturalmente com um potencial de risco correspondente à dimensão de cada uma, e sempre dos mais elevados.
Os governos não dão conta de deter a proliferação das favelas, e tampouco de construir conjuntos residenciais para abrigar essa faixa da população. Fazem só o que é possível, dentro de suas disponibilidades financeiras. Já que é assim, deveriam agir para melhorar a infraestrutura desses locais, de forma a proporcionar mais segurança aos seus moradores. Erguidas em geral clandestinamente em terrenos alheios, a legislação proíbe obras de urbanização nas favelas, porém, alguma solução tem de ser encontrada para esse assunto, pois não dá para aceitar que milhares de pessoas sejam obrigadas a viver em estado de medo permanente, seja de incêndio, seja de deslizamentos de terra, seja de inundações provocadas pelas chuvas, e por aí afora. Sempre que barracos são consumidos pelo fogo, o que é freqüente, a primeira causa cogitada é um curto-circuito no emaranhado de “rabichos“ da rede elétrica. Ora, não há como se dar um jeito nessa situação irregular? Por que tal iniciativa não se concretiza? É o que precisa ser apurado, para se identificar o obstáculo. E como esta, outras questões certamente existirão nesse âmbito, a requerer um enfrentamento mais racional e objetivo.
As favelas são fruto do inchaço das cidades e, sobretudo, das dificuldades financeiras que afligem um grande número de famílias. O desenvolvimento econômico é o caminho para a sua erradicação, mas o processo, em nosso País, é lento, não se completará em poucas décadas, se é que um dia isto acontecerá. A saída, então, é tentar minimizar as deficiências, no sentido de que elas não se perpetuem como sérias ameaças às comunidades pobres. Meros paliativos, sem dúvida, mas que podem evitar terríveis tragédias.”

domingo, 11 de outubro de 2009

Até quando?


“Vivemos num mundo onde o amor é uma raridade.
Onde o carinho é trocado pela ofensa.
Onde a violência nos faz prisioneiros em nossas residências, enquanto os verdadeiros bandidos estão à solta.
Vivemos num mundo onde roubar, matar e violentar os direitos humanos, já virou rotina.
Um mundo sem paz, sem pão, sem vida, sem ação, ou melhor, sem boas ações.
Vivemos num mundo de onde saímos para trabalhar, beijamos nossos filhos, sem saber que esse gesto tão comum pode ser um adeus.
Vivemos num mundo que foi corrompido, mutilado, ferido, e maltratado dia após dia e como resposta aos desagrados causa ferimentos, machuca e maltrata a todos nós.
Vivemos num mundo onde se mata por nada, onde tudo se torna nada, onde num instante se destrói uma família apenas para roubar.
Vivemos num mundo onde se tira um pai de família da convivência dos seus entes queridos, tira-se o pão da boca de seus filhos, para roubar-lhe a vida, o carro e o celular, não sabem esses bandidos que levam junto consigo não só a vida, mas os sonhos, as esperanças, e tudo aquilo que o cidadão lutou para conquistar.
Até quando esse mundo sem amor, com tanta dor, vai durar?
Até quando a violência será nosso algoz? Fazendo de nós seus prisioneiros, reféns da vida, da dor e da morte.
Até quando viveremos neste mundo sem paz, sem amor, sem pão, sem luz, sem esperanças e sem vida?
A cada dia uma nova ferida, uma nova dor...
A cada vez que se assassina um pai de família mata-se também a esperança, a dignidade, a vontade de lutar.
Até quando?
Até quando as lágrimas irão destruir os sorrisos, a dor vai substituir o amor, até quando a morte nos roubará a vida?
Vivemos num mundo onde a violência é predominante, onde o silêncio sufoca os justos e deixa livres os assaltantes.”

quinta-feira, 8 de outubro de 2009

Carta de um homem a todas as mulheres

'Eu aprendi... que sempre posso fazer uma prece por alguém quando não tenho força para ajudá-lo de alguma outra forma'. (William Shakespeare )
- Não importa o quanto pesa. É fascinante tocar, abraçar e acariciar o corpo de uma mulher. Saber seu peso não nos proporciona nenhuma emoção.
Não temos a menor idéia de qual seja seu manequim. Nossa avaliação é visual. Isso quer dizer, se tem forma de guitarra.... Está bem.
Não nos importa quanto medem em centímetros - é uma questão de proporções, não de medidas. As proporções ideais do corpo de uma mulher são: curvilíneas, cheinhas, femininas... Essa classe de corpo que, sem dúvida, se nota numa fração de segundo.
As muito magrinhas que desfilam nas passarelas seguem a tendência desenhada por estilistas que, diga-se de passagem, são todos gays, e odeiam as mulheres, e com elas competem. Suas modas são retas e sem formas, e agridem o corpo que eles odeiam, porque não podem tê-los.
Não há beleza mais irresistível na mulher do que a feminilidade. A elegância e o bom trato são equivalentes a mil viagras.
A maquiagem foi inventada para que as mulheres a usem. Usem!
Para andar de cara lavada, basta a nossa.
Os cabelos,quanto mais tratados, melhor.
As saias foram inventadas para mostrar suas magníficas pernas. Porque razão as cobrem com calças longas? Para que as confundam conosco?
Uma onda é uma onda, as cadeiras são cadeiras, e pronto. Se a natureza lhes deu estas formas curvilíneas, foi por alguma razão, e eu reitero: nós gostamos assim. Ocultar essas formas é como ter o melhor sofá embalado no sótão.
É essa a lei da natureza... que todo aquele que se casa com uma modelo magra, anoréxica, bulímica e nervosa logo procura uma amante cheinha, simpática tranqüila e cheia de saúde.
Entendam de uma vez! Trate de agradar a nós, e não a vocês, porque nunca terão uma referência objetiva, do quanto são lindas, dita por uma mulher.
Nenhuma mulher vai reconhecer jamais, diante de um homem, com sinceridade, que outra mulher é linda.
As jovens são lindas... mas as de 30 para cima, são verdadeiros pratos fortes. Por Karina Mazzocco, Eva Longaria, Angelina Jolie ou Demi Moore, somos capazes de atravessar o Atlântico a nado. O corpo muda... cresce. Não podem pensar, sem ficarem psicóticas, que podem entrar no mesmo vestido que usavam aos 18.
Entretanto,uma mulher de 45, na qual entre na roupa que usou aos 18 anos, ou tem problemas de desenvolvimento, ou está se auto-destruindo.
Nós gostamos das mulheres que sabem conduzir sua vida com equilíbrio, e sabem controlar sua natural tendência à culpas. Ou seja, aquela que quando tem que comer, come com vontade (a dieta virá em setembro, não antes); quando tem que fazer dieta, faz dieta com vontade (não se sabota e não sofre); quando tem que ter intimidade com o parceiro, tem com vontade; quando tem que comprar algo que goste, compra; quando tem que economizar, economiza.
Algumas linhas no rosto, algumas cicatrizes no ventre, algumas marcas de estrias não lhes tira a beleza. São feridas de guerra, testemunhas de que fizeram algo em suas vidas, não tiveram anos 'em formol', nem em spa... viveram! O corpo da mulher é a prova de que Deus existe.
É o sagrado recinto da gestação de todos os homens, onde foram alimentados, ninados e nós, sem querer, as enchemos de estrias, de cesárias e demais coisas que tiveram que acontecer para estarmos vivos.
Cuidem-no!
Cuidem-se! Amem-se!
A beleza é tudo isto. Tudo junto!
Assinado: UM HOMEM

terça-feira, 6 de outubro de 2009

Dia do sexo


Um dia, em uma sala de espera de uma empresa, estava folheando uma revista nacional de grande circulação quando vi um anúncio de uma clínica especializada em tratamento de problemas como a disfunção erétil e a ejaculação precoce. Discreto, mas eficiente, o anúncio tinha o sugestivo título de “Sexo é vida”, e oferecia diagnóstico especializado, tratamentos personalizados e salas de espera individuais, de maneira a atrair clientes que receiam expor seus problemas sexuais e o que fiquei surpreso é que o anúncio, também informava que o dia 6 de setembro é o “dia do sexo”.
Setembro é um mês especial, mesmo. Constatei isso não só porque assinala, aqui no hemisfério sul, a chegada da primavera, com suas flores, alegrias e um pouco de calor. Descobri que, além do dia do sexo (no dia 6), é comemorado o “dia do amante” no dia 22, data estendida a toda semana, dedicada, portanto, a ele (ou ela, é claro).
É evidente que essas datas são criadas pelo marketing e pela propaganda. Com todo respeito, não escapam a essa regra nem os famosos Dia dos Pais e Dia das Mães, quando o comércio vende como nunca. E mesmo festas religiosas importantes como a Páscoa ou o Natal tornam-se momentos para compras desenfreadas, seja de ovos de chocolate ou presentes para parentes e amigos.
Mas não resisti a pensar na atenção ao sexo (e aos amantes). O tema é recorrente hoje, na mídia: não há dia em que ele não seja abordado. Alguns dirão que foi banalizado, reduzido a mercadoria. Talvez seja verdade, mas não há como deixar de registrar que sexo é natural e intrínseco à natureza humana. Infelizmente, durante séculos, ele foi varrido para debaixo do tapete (sem, contudo, jamais deixar de mostrar a sua força e vigor), transformado em algo pecaminoso e vergonhoso.
Algo tão normal – e gostoso – foi e é motivo para tantos problemas, traumas, vícios. Desde o século XIX, o romantismo trouxe para a cena a importância do amor como fundamental para a vida, e, assim, apaixonar-se passou a ser a aspiração máxima de todos, especialmente das mulheres. No entanto, construiu-se a moral baseada no repúdio ao sexo. Aos homens, a tolerância do sexo casual com prostitutas; às mulheres a renúncia ao prazer.
A revolução sexual dos anos 60 mudou bastante esse quadro. Mas creio que ainda não temos uma postura aberta e franca em relação ao assunto. Ele ainda é tabu em muitos ambientes, e continua provocando crises e frustrações. Talvez ainda vá demorar que passemos a encarar sexo como normal e natural, necessário à vida.
E os amantes? Prefiro não encarar a questão como a relação extraconjugal, escondida, proibida. Acho melhor usar a palavra para representar duas pessoas que estão atraídas uma pela outra, que se amam, que se gostam, e que decidem viver esses momentos sem pressões ou culpas. O ser humano foi feito para amar durante todos os dias de sua vida. E sexo é a manifestação mais perfeita do amor.
(baseado em texto de Alcindo Gonçalves)

sábado, 3 de outubro de 2009

Senso da intimidade


No convívio com uma diversidade enorme de pessoas nos mais variados ambientes, podemos observar a grande dificuldade, nos tempos atuais, para demonstrar a um jovem, em termos das relações humanas, o que está no campo do público e no campo do privado e o que representa cada um para a nossa intimidade na vida cotidiana e profissional.
Conversando com pessoas da área de ensino secundário e universitário, ficamos sabendo o quanto é difícil para estes profissionais a batalha para mostrar aos seus alunos que as pessoas que não conseguem construir a sua privacidade, que se deixam invadir o tempo todo, que não possuem maneiras de defender-se, que não entendem o que é resguardar-se acabam “traumatizadas emocionalmente” pelas cobranças da sociedade consumista e enraizadas sem necessidade, não entendendo amigos de conhecidos e não dando valor para os relacionamentos familiares e íntimos.
Realmente, é muito complexa esta situação.
Nós que diariamente utilizamos a Internet, visitando blogs, Orkut ou o recente Twitter, observamos o quanto as pessoas colocam à vista suas particularidades, falando de coisas tão íntimas e sem qualquer cuidado que seus segredos venham a ser manipulados por indivíduos inescrupulosos, correndo o risco de até serem chantageadas. Outro absurdo que presenciamos, em termos de exposição, é a utilização do telefone móvel, o famoso celular. O usuário desta tecnologia, em sua maioria, fala alto, comenta sobre outras pessoas, revela condições de um negócio ao lado de estranhos, principalmente, quando utilizam de maneira inadequada um determinado aparelho de comunicação via rádio e com o viva-voz ligado, o Nextel ou quando é hábito mesmo, por falta de orientação e educação, aos altos brados.
A partir deste ponto, para se tornar comum e considerar amigo íntimo aquela pessoa conhecida no dia anterior, numa festa ou balada ou em uma reunião profissional, e terminar relatando toda a sua vida para ela, é como um estalar de dedos. Este tipo de atitude é preocupante e pode acabar em finais desastrosos, assim como querer levar assuntos familiares para o trabalho, misturando emoções e dúvidas e passar dos limites.
É comum ouvirmos pessoas comentando certos assuntos em público que nos deixam chocados. Por exemplo, o que interessa aos outros uma briga entre marido e esposa ou como é o relacionamento sexual? E se consideram liberadas, atuais, o supremo do supremo em personalidade, proporcionando um degradante e escandaloso ato de auto-invasão, de não consideração por um mundo que deveria respeitar e proteger. Não por medo, mas por afeição a privacidade.
A pessoa que não aprende a construir sua intimidade, que desconhece a diferença entre o que é público e privado, que permite abrir-se a qualquer um nunca terá conhecimento sobre a segurança de voltar a um mundo somente seu ou conviver com pessoas em quem possa confiar. Deixam de ter o precioso senso do íntimo, daquilo que é somente nosso ou de uns poucos. Tornam-se presas fáceis do espetacular, atordoadas pelos alardes que nada significam nos momentos cruciais da existência humana.