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quinta-feira, 7 de junho de 2007

Apenas mais um (Carlos Monforte)


O PT e seus aliados vivem se metendo em confusão. Desde o episódio do mensalão, os petistas não pararam de encontrar uma forma de sair no noticiário da pior maneira possível, prejudicando o governo de seu líder maior. Mensalão, sanguessuga, o caso do dossiê contra tucanos, o caso da quebra de sigilo, furacão e agora xeque-mate são nomes de operações da Polícia ou eventos políticos que trouxeram à tona a falta de cuidado dos políticos do PT e a maneira pouco delicada como pretendiam (ou pretendem) se manter no poder. Pior: de ganhar dinheiro, usando o poder.
O perigo maior está na relação dos desastrados companheiros com Lula. Parece que cada vez mais o círculo se fecha. Não houve episódio aloprado, nos últimos anos, do qual não participasse um amigo próximo, um parente, um velho aliado do presidente. São tantos os casos, são tantos os nomes, que é fácil se perder no emaranhado de ocorrências, de fatos. Já se perderam por aí os nomes de Silvinho Pereira, Delúbio Soares, Marcos Valério, Freud Godoy, que vieram do nada para as primeiras páginas dos jornais, trazidos por denúncias e ações nebulosas.
Uma outra atração que vai caminhando por aí é Zuleido Veras, que poucos brasileiros conheciam. Só mesmo aqueles jornalistas atentos, os lobistas de plantão e aqueles que participam do esquema de propinas e corrupção. Zuleido é amigo dos amigos de Lula, como Renn Calheiros, presidente do Senado, que foi pego no pulo de uma transgressão pessoal e surgiu como personagem solitário de outro escândalo: o de supostamente ter sido ajudado por uma empreiteira para resolver problemas íntimos.
Surge agora aos ouvidos da Nação o nome de Genival Inácio da Silva, “um dos irmãos mais queridos” do presidente Lula, como sendo um agente de tráfico de influência. Não é novo esse papel de Vavá. Ele já tinha seu escritório de “intermediação de negócios” fazia tempo. Tanto que foi acusado de facilitar encontros com ministros e presidentes de estatais. Agora, seu nome aparece como um dos interlocutores do principal acusado da Operação Xeque-Mate. Ele e Dario Morelli Filho, outro petista e compadre de Lula.
Lula se saiu bem, nesse primeiro instante do caso. Disse não acreditar que o irmão teria culpa, mas elogiou a Polícia Federal – uma atitude honesta e “republicana”, como gosta de salientar o ministro da Justiça. Mas é preciso saber no que vai dar o caso. Até que ponto Vavá tem ligação com o chefe de quadrilha Nilton César Servo e qual seu envolvimento com o problema.
O que isso tem a ver com a reforma política que mais uma vez bate às portas do Congresso? É que em todos os casos, em todos os escândalos, existe sempre a participação de um ou mais deputados ou senadores. Uma reforma poderia facilitar teoricamente o filtro para que pessoas mais idôneas pudessem participar do sistema. Mas ela é cada vez mais difícil, embora todos afirmem que é necessária. É difícil, porém, fazer com que os políticos cortem da própria carne.
Aliás, a reforma é apenas parte do que se deve fazer para mudar a mentalidade dos políticos e dirigentes brasileiros. Na verdade, a mentalidade do próprio brasileiro, que adora se locupletar e até acha normal que as coisas estejam do jeito que estão. Estamos como que meio anestesiados pelos escândalos, que são tantos e vêm em enxurrada. Vai demorar 100 anos para que nos tornemos sérios.

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