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domingo, 1 de junho de 2008

Amor Incondicional X Aceitação Incondicional

"Amar incondicionalmente = Conservar o amor acima das nossas idealizações e desejos; permitir que o outro seja quem ele é e quem pode ser, e não condicionar nosso amor à satisfação pessoal que o outro possa nos proporcionar. Ver o outro como é e ser capaz de ajudá-lo, ampará-lo, orientá-lo, conduzi-lo, respeitá-lo.
Aceitar tudo incondicionalmente = Não reagir de forma contundente independendo do que o outro faça. É o cúmulo do "amar incondicionalmente". Aliás, a distorção deste. Aceitar tudo, mesmo que te desestruture, mesmo que te machuque, mesmo que doa, mesmo que te cause medo. Deixar que o outro faça o que quiser, com motivos mais ou menos fortes, mas sempre justificando o que ele faz, a fim de que não se torne tão mau assim. É levar ao extremo o "esquecer-se no outro". Aliás, esta máxima é muito boa, desde que se observe algumas sutilezas. Vamos ver se eu vou conseguir me fazer entender: Esquecer-se no outro é dedicar-se ao outro; esquecer-se dos seus interesses mesquinhos para o bem do outro e não esquecer-se de si mesmo, da sua identidade, dos seus desejos, dos seus anseios por alguém. Melhor ainda: esquecer-se no outro é doar-se. Doar-se ao extremo, até a última gota, se for o caso, mas não anular-se. Como a fonte que jorra incessantemente sem matar a nascente de onde mais e mais água reflui para que flua, livre e célere. Anular-se é matar a nascente. Obstruir sua passagem. Dar toda sua água de um sorvo só, deixar que ela não corra, mas escoe... Irrevogavelmente. Quando nos doamos, sempre há mais para doar; quando nos anulamos, ficamos sem nós mesmos. Perdemo-nos. Secamos. Sentimo-nos vazios. Acaba.

Amar incondicionalmente é construtivo. Eleva. Enriquece. Semeia. Frutifica. Eterniza. Cristaliza. Flui!

Aceitar incondicionalmente é destrutivo. Desgastante. Dolorido. Tenso. Triste. Angustiante. Desesperador. Amedronta. Anula. Se perde. Termina.

O amor materno, salvo algumas exceções, é incondicional. Não importa o que o filho faça; você continuará a amá-lo. Não importa que você perca noites e noites de sono. Isto não será pesado. Pelo contrário: será um prazer! Você percebe os erros dele com a clareza de quem ama e o conhece bem. Enxerga seu egoísmo, sua dificuldade em ser sincero, seus vícios e, ainda assim, o ama. Paralelo a isto, porém, você busca educá-lo. Diz o que está errado e é firme nisto. Não mascara seus defeitos por medo de que seu filho o abandone.
Muitas pessoas pensam que o grande desafio da alma é libertar-se dos vícios mais grosseiros. Todos sabem: sexo, bebidas, mentiras, drogas, inveja, instintos de violência. Mas os limites aqui são definidos. Ou você leva o sexo com equilíbrio, ou não; ou você se embriaga, ou não. Ou você mente, ou é sincero. E é mais ou menos fácil perceber. Absolutamente fácil saber quando se tratam de vícios materiais. Mas existem coisas tão importantes e muito mais sutis.

Qual a linha que vai diferenciar o amor que tudo suporta do masoquismo? Qual a diferença entre o auto-amor e o egoísmo? Até que ponto aquele não pode ser este disfarçado? Onde termina o amor e começa o apego? Onde termina o amor e começa a intransigência? Onde termina a exigência daquele que ama porque quer que o outro se melhore e começa a imposição dos nossos valores ao outro, sem respeitar o seu momento? Qual a diferença entre "respeitar o momento evolutivo do outro" e ser omisso? Isto é muito mais complexo que dizer sim ou não. Exige algo mais que mera opção. Exige maturidade psicológica. E isto vem só com o tempo e a experiência. Não existem palavras mágicas, decisivas, definitivas. O que existem são linhas. Mas só vivenciando podemos aprender, o que não significa que não possamos pensar a respeito, muito pelo contrário! Devemos! Isto faz parte do nosso dia-a-dia, das nossas vivências. E conhecer-se é começar a amar-se de verdade."

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